Os marajás da fé
Não é de hoje que pastores, bispos, padres e outros pregadores da fé são envolvidos em escândalos liderando igrejas, independente da denominação. A Católica bateu recorde no ano passado. O Vaticano anotou mais de mil queixas feitas pelos fiéis as mais dispares possíveis, desde sexuais a desvios de dinheiro. A revista americana “Forbes” fez um levantamento com base em dados do Ministério Público e da Polícia Federal, além de jornais e revistas brasileiras, para chegar a uma estimativa de renda dos pastores evangélicos do País.
A maior fortuna seria a do pastor Edir Macedo, que acumula US$ 950 milhões. Já o polêmico Silas Malafaia, líder do braço brasileiro da Assembleia de Deus, maior igreja pentecostal do Brasil, detém uma fortuna estimada de US$ 150 milhões dólares. O compositor, cantor e apresentador Romildo Ribeiro Soares, o RR Soares, fundador da Igreja Internacional da Graça de Deus, teria fortuna estipulada em US$ 125 milhões, enquanto Estevam Hernandes Filho e sua esposa, Bispa Sonia, fundadores da Igreja Renascer em Cristo, acumulariam fortuna estimada de US$ 65 milhões.
Qualquer dos números é escandaloso, como igualmente é escandalosa a planilha que este blogueiro teve acesso, através do jornal O Poder, aos proventos da Igreja Assembleia de Deus liderada em Pernambuco pelo pastor Ailton Alves. Pastor de um exército calculado em 600 mil alvas vivas, ele aparece no topo da lista dos marajás da congregação, com cerca de mil igrejas, embolsando mais de R$ 100 mil por mês.
Nas redes sociais, os fiéis mais desconfiados cobram explicações ao pastor-marajá, entre elas a de ter um filho, o pastor Ailton Júnior, com salário de R$ 40.110,00. A família, portanto, é contemplada com mais de R$ 150 mil dos dízimos arrecadados em nome da fé por milhares de adeptos da radical Assembleia de Deus espalhada de canto a canto do Estado, com ramificações da capital até a menor cidade do Sertão.
Em se tratando um Estado pobre, localizado numa região como o Nordeste, marcada pelas dramáticas desigualdades sociais, onde 30% sobrevivem com uma renda inferior a meio salário mínimo, isso se traduz num soco no estômago da sociedade, especialmente daqueles que frequentam a igreja e apostam na boa fé dos seus pastores.
O silêncio do pastor
Procurado pela reportagem, o pastor Ailton Alves não se pronunciou. Embora sua igreja tenha uma TV, a Estação Sat, e uma rede de rádios no Estado, com mais de 30 emissoras, ele não dá entrevistas. Consegui falar com o deputado e pastor Adalto, que não aparece na lista. Segundo ele, os super salários são fictícios, produto de uma gente insatisfeita com o crescimento da Igreja e que vem fazendo uma campanha incendiosa contra o pastor que a lidera. “O pastor Ailton é um homem sério e de bem e não há como acreditar em salários tão polpudos”, rebate o parlamentar.
por Magno Martins
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