Em estudo global da OMS, Huoc testará pacientes para identificar tratamento da Covid-19
Hospital Oswaldo Cruz, no RecifeFoto: Ed Machado/Folha de Pernambuco
Hospital participa de teste global da OMS para detectar um ou mais medicamentos que sejam eficazes contra a doença provocada pelo novo coronavírus
A iniciativa, com 10 países além do Brasil até o momento, é liderada no País pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e envolve 18 hospitais em 12 estados - sendo três do Nordeste, Ceará e Bahia, além de Pernambuco. Pelo menos 1.200 pacientes internados devem ser incluídos no projeto, que custará R$ 4 milhões do Ministério da Saúde para serem aplicados. A Fiocruz não anunciou com precisão a data para o início dos testes, mas que será "em breve".
Lançado pelo diretor geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, o “Solidarity” conjuga esforços em todo o mundo para dar uma resposta rápida sobre quais medicamentos são eficazes no tratamento da Covid-19. Os pesquisadores têm pressa, uma vez que, até as 12h (de Brasília) desta sexta-feira (27), mais de 550 mil pessoas em todo o planeta foram infectadas com o novo coronavírus, das quais mais de 25 mil morreram. Os resultados são esperados para o tempo mais curto possível, ainda que não possa ser determinado quando essa resposta venha de acordo com a Fiocruz.
O ensaio terá quatro linhas de tratamento ou combinações: remdesivir; combinação de lopinavir e ritonavir; lopinavir e ritonavir combinados com interferon beta 1a; e cloroquina e hidroxicloroquina. O estudo é adaptável e, caso surjam novas evidências, as linhas de tratamento podem ser adequadas com a descontinuação de drogas que se demonstrem ineficazes durante o processo.
A pesquisa incluirá apenas pacientes hospitalizados para atender à demanda mais urgente no cenário da pandemia, que é a de oferecer tratamento para infectados com quadro de saúde mais grave. Todos os pacientes que aceitarem fazer o tratamento serão incluídos em um site central da OMS, que reunirá dados e condições de saúde pré-existentes e indicará qual das opções deverá ser ministrada.
“O ensaio vai ser discutido em vários países e com um número grande de voluntários para dar uma resposta rápida. Estamos nos preparando para iniciar o mais rápido possível para gerar essa evidência que estamos precisando. Se aparecer algum medicamento que seja muito promissor, poderá ser acrescentado e testado com os pacientes”, detalhou a diretora do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz), Valdiléa Veloso.
Distribuída em 12 estados brasileiros, a pesquisa busca ter uma boa resposta a nível nacional, pois, com um grande número de pacientes no País, os resultados serão mais aplicáveis, segundo a Fiocruz. “Esse estudo tem por objetivo analisar quais tratamentos são possíveis para uma doença que não tem vacina. Seremos capazes de produzir os medicamentos que o estudo clínico apontar como os mais adequados”, acrescentou a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima.
“É importante ter calma para aguardar a evidência científica sobre o medicamento ou medicamentos que são eficazes. Se usarmos medicamentos sem comprovação, podemos ter muitas mortes por causa disso”, concluiu Valdiléa. Os resultados nos pacientes tratados no estudo serão comparados aos de pacientes que receberam o tratamento padrão para a doença, que inclui drogas como o antiviral oseltamivir (tamiflu), indicado para pessoas com quadro de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG).
Também participam do estudo hospitais de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Pará e Amazonas.
Medicamentos
Os medicamentos e combinações usados no estudo já fazem parte dos tratamentos de outras doenças transmissíveis. Cloroquina e hidroxicloroquina, que passaram a fazer parte do protocolo para tratar a Covid-19 no Brasil em pacientes graves após determinação do Ministério da Saúde, são usadas para prevenir e tratar malária, uma doença transmitida por mosquitos e com grande incidência em países tropicais.
O remdesivir é utilizado contra doenças causadas pelos vírus Ebola e Marburg. A combinação de lopinavir e ritonavir faz parte do tratamento da HIV e, junto ao interferon beta, atua para desativar os vírus no organismo humano.
Por: Fabio Nóbrega
Nenhum comentário:
Postar um comentário