Mercado, disparidade e sobrevivência: Tininho defende mudança do Santa para clube-empresa
"Pela sua grandeza é um clube vai despertar interesse porque tem um público consumidor gigantesco", afirmou o mandatário (Foto: Leandro de Santana/ DP Foto )
Após aprovação na Câmara, projeto de lei espera pelo aval do Senado e clubes do Brasil já surfam na onda; Tininho demonstrou entusiasmo com a proposta
No que depender do atual presidente do executivo, Constantino Júnior, o Santa Cruz tem tudo para virar clube-empresa. E, para o mandatário, os motivos são simples: exigência do mercado, necessidade de diminuir a disparidade - também regional, em certo ponto - e até uma 'condição de sobreviver'. Enxerga, ainda, que naturalmente vai o clube vai atrair a atenção de possíveis investidores.
Tininho, contudo, faz ressalvas, explicando que o processo não é realizado em curto prazo e tampouco precisa somente do aval dele. A ideia que defende é deixar o Tricolor do Arruda preparado para caso surja a oportunidade - que acredita invariavelmente acontecer.
“Eu acho que sim (é viável para o Santa Cruz). Para os grandes clubes, tem uma importância grande (esta regulamentação legislativa). A gente tem ficado atrás no cenário internacional porque grandes clubes europeus, de camisa, tradição, cresceram sob a condição de investimentos internacionais. Hoje o mercado brasileiro é visto com muitos bons olhos como sempre porque somos o país do futebol, revelamos grandes jogadores. Mas que precisa de uma segurança jurídica para que alguém venha aportar recursos”, pontuou.
No fim de novembro - com caráter de 'urgência urgentíssima' - foi aprovada na Câmara o projeto de lei que incentiva a criação de clube-empresa, que inclusive tem apoio do presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Agora, a tramitação depende do aval do Senado.
“A lei é extremamente importante principalmente para diminuir essa disparidade que existe hoje. Imaginar que há 20 anos a disparidade no futebol sul-americano e europeu era uma e hoje é totalmente diferente. E a própria disparidade regional, que tem sido amenizada, na minha concepção, pelo crescimento do futebol nordestino, pela Copa do Nordeste, pela questão do entendimento dos clubes, da troca de experiência. Mesmo com os clubes de Pernambuco em um momento difícil, tivemos quatro clubes (do Nordeste, em 2019) na Série A, fazendo boas campanhas, disputando grandes jogadores”, avalia.
Dentre as vantagens previstas caso o projeto seja novamente aprovado, estão o refinanciamento de dívidas; a criação de um imposto simplificado; maior facilidade de recuperação judicial; e a apresentação de hiperssuficiência trabalhista para os atletas.
“Acho que o Santa Cruz vai precisar disso. Pela sua grandeza é um clube vai despertar interesse porque tem um público consumidor gigantesco. Uma torcida maravilhosa que vem junto com o clube, um grande patrimônio que é o estádio. Então o Santa Cruz salta na frente, tem uma condição de vantagem comparativa com (outros) que estão na mesma condição ou mesma região. Acho que é preparar bem a casa para que o clube esteja, na hora de existir esse aporte, preparado para ter uma boa escolha. Tudo, claro, capitaneado pelo seu Conselho. Não é o presidente que vai escolher isso”.
No futebol brasileiro, o Santa Cruz não é o único clube a considerar esta possibilidade. O Botafogo-RJ, por exemplo, na última sexta-feira, aprovou em assembleia geral a mudança do futebol para clube-empresa. Recém-rebaixado à Série B, o Cruzeiro também estuda a transformação.
“É um caminho sem volta para que os clubes tenham essa condição de sobreviver pelo que o mercado vem exigindo. Temos que pensar no torcedor de hoje. Temos muita coisa arraigada dessa tradição, dessa rivalidade. Mas e o torcedor de agora? Temos que fazer para segurar esse público consumidor. Então é de extrema importância que a gente se prepare para isso, que os clubes da capital, do Brasil, se preparem para esse novo momento que pode acontecer nesses três ou quatro anos”, finalizou Tininho.
DP
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