Projeto prevê ingressos mais baratos para beneficiários do Bolsa Família e abre polêmica
Deputado Romero Albuquerque acredita que a proposta pode ajudar a combater a 'elitização" do futebol (Foto: Divulgação)
Deputado estadual Romero Albuquerque propõe que torcedores de baixa renda tenham até 20% de desconto, mas clubes veem ressalvas
Com o objetivo de “trazer de volta uma arquibancada democrática”, tramita na Assembleia Legislativa de Pernambuco um projeto de lei que visa destinar uma carga de ingressos para jogos de futebol no Estado a preços mais baixos, destinados aos beneficiários do programa Bolsa Família. O autor do proposta é o deputado estadual Romero Albuquerque, do Partido Progressista (PP) e o projeto ainda seguirá para análise em comissões antes de seguir para votação em plenário. Mesmo assim, já divide opiniões.
Pela proposta, os ingressos destinados ao programa terão descontos de “até 20%” em relação ao valor cheio cobrado para o mesmo setor do estádio. A variação do decréscimo, se de 1% ou a aplicação máxima, no entanto, ficaria a critério dos respectivos times.
Além disso, a carga de bilhetes destinada aos beneficiários do programa, sob o critério de serem não-sócios, também será de responsabilidade dos clubes. No entanto, o documento de apresentação do Futebol Para Todos estipula que um percentual mínimo de 5% do total de bilhetes comercializados contemplem, exclusivamente, os usuários do projeto.
“O que justifica o percentual de até 20% é a situação econômica de cada um, pois sabemos que os clubes do nosso estado recebem receitas de forma desigual. Caberá ao clube, de acordo com a sua situação financeira e sua visão social, estipular o percentual que destinará para o programa, respeitando o limite”, afirmou Romero Albuquerque, que acredita que a proposta pode ajudar a combater uma espécie de “elitização” do futebol.
“Durante anos, o esporte teve como marca a presença de torcedores de todas as camadas sociais nas arquibancadas. Com a modernização dos estádios e a crescente demanda por receitas, a entrada e o preço dos ingressos cresceu vertiginosamente, afastando o torcedor menos abastado do convívio com seu time. O projeto de lei visa dar a oportunidade para essas pessoas frequentarem os estádios dos seus clubes, trazendo de volta a cultura de arquibancada democrática com a presença de todos os espectros sociais”, destacou.
Opinião dos clubes
No entanto, procurados os presidentes de Sport, Náutico e Santa Cruz se mostraram reticentes com o projeto. Em diferentes níveis. O mandatário rubro-negro Milton Bivar foi o mais enfático contra a proposta. E adotou um discurso duro.
“Não existe isso não. Isso é muito fácil. É dar esmola com o dinheiro dos outros. Sou contra. E quem vai ajudar os clubes? Se for assim, vamos botar para os cegos, os aleijados, os pretos e os índios. Isso é puro populismo”, disparou. “Não é por aí que vai se resolver. Já tem o Bolsa Família, daqui a pouco ninguém trabalha mais. Tem direito a isso e aquilo. Tem um bocado de gente, a dificuldade é grande, eu faço minha parte”, completou.
Por sua vez, o mandatário alvirrubro Edno Melo lembrou que o Timbu, este ano, criou uma categoria de sócios já voltada para os torcedores beneficiários de programas sociais. E que não vê vantagem no projeto do deputado.
“Eu acho que a proposta do Náutico é muito melhor, porque todos os sócios que participam do projeto social podem entrar de graça nos jogos”, argumentou.
Já o presidente coral, Constantino Júnior, foi quem mais se mostrou interessado. Porém, reforçou a importância de alinhar alguns pontos. “É preciso otimizar a ocupação dos estádios, principalmente no Santa que tem um estádio grande. Vejo com bons olhos, mas tem que discutir melhor entre os clubes e o deputado. Saber, por exemplo, como esse recurso do clube vai ser compensado. A iniciativa é nobre. Mas, precisa do alinhamento da operação”, comentou.
Tininho reforçou ainda a necessidade de uma maior fiscalização sobre quem de fato terá direito aos ingressos do programa. Lembrando benefícios que já foram aplicados. “Eu tenho essa preocupação de entender quem vai ser beneficiado com o projeto. Porque, não adianta destinar e não ter controle”, disse.
DP
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