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quinta-feira, 24 de outubro de 2019

DESEQUILÍBRIO AMBIENTAL

Óleo pode afetar recifes de corais e causar desequilíbrio ambiental

Recifes afetados na Praia do Paiva, no Cabo de Sto. AgostinhoFoto: Prof. Paulo Carvalho/Cortesia


Fundamentais para o equilíbrio da vida marinha, os recifes abrigam uma em cada quatro espécies marinhas e, se afetados, podem causar um desequilíbrio ambiental de grandes proporções

Com a disseminação do óleo no litoral nordestino brasileiro, os impactos ambientais já começam a se tornar evidentes. Entre os ecossistemas mais afetados pelo contato com o óleo, estão os recifes de corais, que têm sido atingidos diretamente pelos resíduos e podem sofrer consequências a curto e longo prazo. Fundamentais para o equilíbrio da vida marinha, os recifes abrigam uma em cada quatro espécies marinhas e, se afetados, podem causar um desequilíbrio ambiental de grandes proporções.

De acordo com a pesquisadora e professora Paula Braga Gomes, da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), o contato dos recifes de corais com o óleo deve ser danoso para os corais e para outras espécies que se relacionam com eles. "Há danos cumulativos que podem provocar, além dos danos genômicos, mortalidade, alterar as estruturas populacionais e reprodutivas que se organizam em torno desses ecossistemas", explica a pesquisadora.

Apesar de não haver um padrão na composição nos resíduos sólidos, os compostos de petróleo, em geral, possuem os chamados hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (HPA), que podem possuir um grau de toxicidade. Os HPAs podem ser solúveis em águas marinhas e, assim, causar danos genéticos irreversíveis.


Os danos causados pelas substâncias contidas no óleo devem afetar também os organismos marinhos que vivem associados a esses ecossistemas. "Os impactos reais serão medidos a partir da análise dos compostos que essas substâncias apresentam; parte delas sabemos que podem ser dissolvidas na água do mar. Existem estudos que comprovam que esses compostos, especialmente os HPAs, têm potencial de causar alterações morfológicas, reprodutivas, impulsionar a incidência de doenças", afirma Paula.

"Se pensarmos nas águas, que são fotossintéticas e precisam de luz, o contato com o óleo pode evitar que elas pratiquem a fotossíntese. Isso pode ocorrer tanto com as macroalgas quanto com as microalgas, que vivem nos tecidos dos corais", completa.

Além dos danos a longo prazo, o óleo pode causar problemas diretos e imediatos aos recifes. Recobrindo os corais, bloqueando o acesso à luz e limitando o contato dos organismos com a água, o óleo pode dificultar as trocas gasosas realizadas entre os corais e a água marinha, impedindo, assim, a alimentação desses seres vivos.

Nesta quinta-feira (24), a Agência Estadual do Meio Ambiente (CPRH) coletou amostras de água de todas as praias pernambucanas atingidas pelo óleo. O material será encaminhado para análise no laboratório de Oceanografia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Nas quais serão avaliados os processos de circulação do óleo e das substâncias contidas nele, além de outros aspectos. A partir das análises e dos estudos realizados através de parcerias entre a UFPE, UFRPE e os órgãos governamentais envolvidos no assunto, deve ser definido um plano de ação.

"Ainda não temos uma real noção do quanto a biota mais profunda está sendo afetada. Mesmo que as praias não sejam afetadas, é possível que o óleo tenha afetado locais mais profundos", explica a professora.

Em Pernambuco, há áreas de proteção de recifes e ecossistemas associados. O Parque Natural Municipal do Forte de Tamandaré, localizado no Litoral Sul de Pernambuco, é uma das áreas de preservação que existem no Estado. Tamandaré, na Mata Sul, foi uma das cidades afetadas pelo óleo que se dissemina pelo litoral nordestino.



FolhaPE

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