Operação de combate a incêndios se concentra em Rondônia, diz governo
Queimadas na AmazôniaFoto: Carl de Souza / AFP
O governo se baseia em um mapa que usa mancha de calor para acompanhar a evolução da situação nos nove estados da Amazônia Legal que solicitaram a GLO (Garantia da Lei e da Ordem)
Em coletiva convocada para a tarde desta quarta, o vice-almirante esteve ao lado de um delegado da Polícia Federal e de representantes do Ibama e do ICMBio para fazer um balanço da operação de combate às chamas.
A conclusão a que se chegou é que há pouco tempo para avaliar os resultados dos esforços do governo, que envolvem cerca de 3.000 militares, aeronaves e helicópteros.
O governo se baseia em um mapa que usa mancha de calor para acompanhar a evolução da situação nos nove estados da Amazônia Legal que solicitaram a GLO (Garantia da Lei e da Ordem).
A medida autorizou o emprego das Forças Armadas até o dia 24 de setembro para combater as queimadas na região.
Os parâmetros usados pela Verde Brasil são do Censipam (Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia), ligado ao Ministério da Defesa. Segundo a métrica oficial, os focos de incêndio diminuíram bastante, afirma o coordenador da operação.
Dados de satélites do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) também mostram redução das chamas.
Em Rondônia, por exemplo, o auge da crise em agosto foi registrado no dia 14, quando havia 665 focos ativos. No dia 23, quando a operação Verde Brasil teve início formal, eram 446. No último dia 27, o número recuou para 20.
No Pará, onde a situação também preocupa, o pico foi observado no dia 13, com 1.004 focos. No dia 23, havia 23 focos de incêndio. O número subiu para 371 na última terça.
O Inpe é subordinado ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações. O instituto foi o estopim de uma polêmica envolvendo o ministro Ricardo Salles (Meio Ambiente), que contestou dados de satélite do órgão que apontavam para o aumento do desmatamento na Amazônia -o ministro questionou especificamente o que chamou de percentual "sensacionalista" do Inpe.
Gabriel Zacharias, o representante do Ibama na coletiva desta quarta, afirmou que os dados do Inpe não poderiam servir como referência para atestar aumento ou controle das chamas.
Segundo ele, as imagens de satélite podem ocultar fogos rasteiros, além de haver uma grande variação dos focos de calor. O mais "sincero", ressaltou, seria esperar uma semana da operação antes de apresentar qualquer dado de evolução das chamas.
O representante do ICMBio, Marco José Pereira, defende que a avaliação por manchas reflete melhor a realidade no local.
"Eu posso ter 20 ou 30 pontos de calor que sejam manchas enormes", afirmou. Pelo critério manchas de calor, a operação foca o combate às chamas em Rondônia.
As ofertas de ajuda internacional -aeronaves do Chile e dos EUA, brigadas de especialistas do Equador e agentes químicos oferecidos por Israel que retardam chamas -devem entrar no planejamento da operação para a próxima semana, segundo o vice-almirante Ralph Dias.
"Há uma lista grande de ofertas, mas tem que ter efetividade. Quem controla é o Ministério das Relações Exteriores. Os dados são compilados e a gente pega os dados concretos para aplicação. Já posso começar a organizar e planejar a vinda desses recursos", afirmou. Ele não quis estabelecer uma data para começar a usar a ajuda internacional, mas afirmou que "não passa de semana que vem."
Na esfera da Polícia Federal, poucas novidades envolvendo a apuração de responsabilidades sobre o dia do fogo, como está sendo chamada a ação coordenada de queimadas realizada por fazendeiros do Pará.
Thiago Marcantonio, delegado da PF, afirma que o inquérito tramita sob sigilo "para se resguardar a eficácia e eficiência para apurar responsabilidades." Ele não descartou que outros eventos coordenados tenham ocorrido em mais localidades.
Os incêndios na Amazônia provocaram forte repercussão no exterior. A reação do governo brasileiro diante da gravidade dos fatos, que vieram a conhecimento do público na semana passada, provocou indignação internacional e uma onda de protestos.
Críticos acusam o presidente Jair Bolsonaro de dar "sinal verde" para a destruição da Amazônia, por meio de uma retórica antiambientalista e da falta de ações para coibir o desmatamento.
Folhapress
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