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sexta-feira, 26 de julho de 2019

SAQUE DO FGTS

Para quem o saque anual do FGTS é ideal

A possibilidade de fazer o saque anual nas contas do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo e Serviço), medida anunciada nesta quarta-feira (24) pelo governo Bolsonaro, é indicada a brasileiros que estão endividados, perderam o emprego ou acabam de entrar no mercado de trabalho, de acordo com especialistas ouvidos pela reportagem.

A explicação para isso estaria na ideia de que o uso do dinheiro não deveria descolar do motivo real pelo qual o fundo foi criado: trazer segurança ao trabalhador em situações emergenciais (demissão) e na compra da casa própria.

"Se as pessoas pegarem esse dinheiro e começarem a gastar, nós vamos acabar distorcendo a finalidade do FGTS dentro da história do brasileiro. Porque esse recurso foi feito para bancar a casa própria ou dar uma aposentadoria mais confortável", disse Juliana Inhasz, economista do Insper.

Entenda em quais situações a retirada anual do dinheiro (saque-aniversário) é opção melhor do que mantê-lo no fundo.

SAQUE-ANIVERSÁRIO

1) Endividado
Se o trabalhador estiver endividado, e o dinheiro a ser sacado conseguir quitar as dívidas ou cobrir a maior parte delas, então essa modalidade é indicada; Caso o valor do saque dê conta de pagar só uma parte das dívidas, o ideal é não fazer o resgate anual. Isso porque, na avaliação dos especialistas, o trabalhador não se livra totalmente dos altos juros dos bancos e, por escolher o saque-aniversário, ainda trava o restante do dinheiro do FGTS. Em caso de demissão, ele não terá acesso ao restante do fundo. "Por exemplo, se for um sujeito que tiver um saldo muito inexpressivo no FGTS, ele vai poder fazer um saque com um percentual alto. Se ele estiver pagando um juro muito elevado por uma dívida de pequeno valor, vale a pena fazer esse saque e abatê-la", disse o professor de finanças da FGV (fundação Getulio Vargas) Cesar Caselani.

2) Desempregado
No caso de quem está desempregado, se houver algum dinheiro no fundo, o ideal é fazer o saque anual apenas em caso de endividamento ou por sobrevivência. Caso o desempregado possa viver por um tempo dependendo de outra pessoa, o indicado é não fazer o resgate; O cuidado que deve ser tomado, segundo os especialistas, é que esse dinheiro não seja visto por quem está desempregado como mais uma renda para consumo. "Mais importante é lembrar sempre a finalidade do Fundo de Garantia. Essa reserva precisa estar lá para uma situação de emergência futura, e não simplesmente para consumo", segundo Carlos Castro, planejador financeiro certificado pela Planejar (Associação Brasileira de Planejadores Financeiros).

3) Recém-contratado
Para quem foi contratado recentemente e não tem um valor alto no FGTS ou acabou de entrar no mercado de trabalho, a retirada anual pode ser indicada. Isso porque, com pouco dinheiro no fundo, a alíquota para fazer o saque é maior; Essa opção, porém, deve ser feita apenas se o trabalhador tem como fazer investimentos com rentabilidade superior à do FGTS. Caso contrário, o dinheiro do resgate pode se desvalorizar com o tempo. "Se a pessoa estiver comprometida com a ideia de investir e tem conhecimento de mercado, essa é uma alternativa válida. A única coisa que precisa ser pontuada é que esse dinheiro não deve ser visto como recurso de especulação. A ideia não é ganhar uma fortuna com ele, mas ganhar um poder de compra. Então precisa tomar cuidado para não aplicar em ativos de risco", disse Juliana Inhasz.

4) Outras situações
Para quem utilizou recentemente o FGTS na compra ou financiamento de um imóvel, o resgate anual pode ser interessante. Isso porque, assim como aquele que acaba de entrar no mercado de trabalho, ele não tem uma quantia grande no fundo e a alíquota para retirada é maior; Quem também prevê estabilidade no emprego e não pretende usar o valor que possui no fundo para adquirir ou financiar uma casa, o saque-aniversário pode ser indicado para fazer aplicações com rentabilidade superior ao do FGTS.

Bolsonaro: "Se achar pouco, não retira"

O presidente Jair Bolsonaro defendeu nesta quinta-feira (25) a existência de um limite de até R$ 500 para o saque das contas do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), medida anunciada pelo governo na véspera. "Fizemos o que foi possível. Se achar que é pouco (500), é só não retirar", afirmou.

Trabalhadores poderão retirar até R$ 500 de cada conta ativa (do emprego atual) e inativa (de trabalhos anteriores) entre setembro de 2019 e março de 2020, uma iniciativa que tem por objetivo ajudar na recuperação da economia. A previsão de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) neste ano é de 0,81%, abaixo dos 1,1% registrados em 2018 e em 2017.

Bolsonaro foi questionado por jornalistas sobre a eficiência da medida, já que a liberação tem valor limitado. Segundo o presidente, a liberação de recursos foi uma alternativa diante do endividamento da população. "Abrimos uma excepcionalidade. A forma de obtenção do FGTS não é essa que propomos agora. Mas 80% dos trabalhadores que têm o fundo estão com menos de R$ 500 na conta", disse.

O presidente afirmou ainda que, se os saques fossem de valor mais alto que R$ 500, os principais impactados seriam os mais pobres. "Não poderíamos abrir de forma mais ampla, porque prejudicaríamos o pobre na aquisição e na construção de sua casa tão merecida e o governo não vai abandonar isso daí". 

Antecipação do FGTS depende da Caixa, dizem bancos

Os grandes bancos brasileiros até têm interesse em lançar linhas de crédito para antecipar o saque do FGTS, que será permitido a partir de 2020 contando a data de aniversário do trabalhador. Mas primeiro querem saber as regras que a Caixa estabelecerá.

No ano passado, o governo permitiu o uso de FGTS para garantir crédito consignado, mas o produto não foi adiante por conta das tarifas cobradas pela Caixa, que administra as contas do FGTS, para liberar informações aos bancos. 

O presidente do Bradesco, Octavio Lazari, explicou hoje durante teleconferência de resultados que o banco terá como avançar neste produto até pela sua presença por todo o país mas que a gestão do FGTS é da Caixa e esses dados não estão à disposição.  "Dependendo de quanto a taxa for ajustada para bancos ter que pagar de tarifa, pode ficar caro no produto final", diz Lazari e assim o produto ficaria inviabilizado. 

O governo anunciou ontem a possibilidade de saque de até R$ 500 por conta inativa de cada trabalhador e a medida provisória permite ainda que o trabalhador use a possibilidade do saque como garantia para obter crédito. A expectativa é de que sejam liberados R$ 42 bilhões na economia. 

A exemplo do Bradesco, o Banco do Brasil informou por meio de sua assessoria que tem interesse em estruturar uma linha, mas que vai esperar a regulamentação do Comitê Gestor do FGTS. O Itaú e o Santander disseram que estão avaliando a possibilidade de estruturar linhas para antecipação do FGTS. 

Em tese, ao poder dar como garantia um valor tão seguro e certo como o saldo do FGTS, o trabalhador deveria ter acesso a linhas com os juros mais baixos do mercado. Mas não foi o que aconteceu no ano passado. Quando o governo Temer alardeou a possibilidade de se fazer empréstimo consignado dando como garantia o saldo do trabalhador no FGTS, o produto não deslanchou por conta da tarifa cobrada pela Caixa. 

O banco estatal cobrava um valor mensal para as instituições acessarem o sistema e limitava o número de consultas por tarifa, elevando o custo do crédito. E quanto mais baixo o valor do crédito, mais elevada proporcionalmente ficava a tarifa. Dado o baixo valor liberado agora pelo governo, se a Caixa cobrar tarifas elevadas não será possível oferecer o produto a taxas competitivas. Até o fechamento desta reportagem, a Caixa não havia se manifestado. 


Por:FolhaPress

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