Queimaduras no São João eleva em até 10 vezes o número de atendimentos no Hospital da Restauração
Durante as festas juninas, a quantidade de pessoas que entra nas emergências com queimaduras aumenta. O manuseio errado de fogos de artifício e fogueiras eleva em até 10 vezes o número de atendidos do setor de queimados do Hospital da Restauração (HR), em relação aos outros meses. Em oito dias, desde a festividade de Santo Antônio deste ano, já foram nove atendimentos. Esse é apenas um dos riscos atrelados aos símbolos do período de São João. Por trás das brincadeiras, das quadrilhas, da mesa farta de comidas típicas e das viagens em família, existe uma série de outros perigos. Por isso, especialistas de diferentes áreas da saúde alertam para os cuidados que precisam ser tomados para garantir a tranquilidade durante e depois da festa.
Em média, 500 pessoas são internadas por ano no Brasil em função do manuseio inadequado dos fogos de artifício, segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM). Entre 2008 e 2016, foram registradas 4,5 mil internações no país por esse motivo. O mês de junho é aquele no qual acontecem mais casos. Um terço das internações por manuseio errado de fogos de artifício no Brasil é contabilizado entre os meses de maio a julho, o que coincide com o período junino. Em 2018, o HR, referência em atendimentos a queimados no estado, registrou um aumento de 37% nas ocorrências no período de São João. “A nossa média de atendimentos por casos de queimadura por fogos e fogueira é de seis a sete por mês. No período junino, sobe para 70. No ano passado, cerca de 40% das pessoas ficaram internadas. Ocorre uma sobrecarga no serviço”, explica o chefe do setor de queimados do HR, Marcos Barreto.
As causas das queimaduras são diversas, porém as mais frequentes são lesões geradas no acendimento dos fogos ou das fogueiras. “Há lesões causadas pela própria explosão ou no uso dos combustíveis para acender a fogueira. Há pessoas que colocam objetos em cima dos fogos, que explodem e atingem o corpo. Adultos costumam chegar mais graves, pelo uso de fogos de alto teor explosivo ou por tentar acender a fogueira alcoolizado. As crianças se queimam com brasas no pé ou na roupa”, detalha Marcos Barreto.
Um dos principais cuidados é nunca deixar as crianças manipulando fogos de artifício sozinhas. “O ideal é que o adulto use os fogos e evite aqueles de pavio curto. É bom lembrar que aqueles fogos lançados para o ar têm o risco de voltar para si. Se forem explosivos, podem explodir nas mãos. Até uma chuva de prata, que é considerada inofensiva, oferece riscos. As roupas usadas pelas crianças têm muito tecido sintético, são mais fáceis de queimar. No movimento, a criança pode atingir a própria roupa ou a do colega”, alerta a enfermeira estomaterapeuta e tutora de enfermagem da Faculdade Pernambucana de Saúde (FPS) Carina Ribeiro.
A forma mais comum de queimadura nessa época é na manipulação de fogos de artifício, mas elas podem ocorrer também com a manipulação de alimentos ferventes que costumam ser feitos em caldeirões. Alguns cuidados devem ser tomados para reduzir as chances de entrar para a estatística dos queimados. Um dos principais é nunca deixar as crianças na cozinha ou manipulando fogos de artifício sozinhas. “No que diz respeito ao cozimento das comidas típicas, o ideal é usar sempre as bocas traseiras do fogão, com o cabo virado para dentro, e evitar a circulação de crianças e animais da cozinha. Esse é um tipo de queimadura muito grave, pois esses alimentos são viscosos e mais consistentes, aderem à pele e não saem rapidamente”, alerta a enfermeira estomaterapeuta.
Os olhos, o tórax e os membros são áreas vulneráveis às queimaduras e devem ser protegidas. Em caso de queimaduras, o recomendado é lavar com água fria e limpa, para aliviar a dor e resfriar o local, além de evitar que o calor continue queimando os tecidos mais profundos. O ideal é retirar imediatamente os adornos como anéis ou brincos na proximidade do local da queimadura e não colocar gelo, tecidos em cima, pastas, talcos ou outros materiais abrasivos. Em caso de lesões graves, o ideal é procurar atendimento em uma unidade de saúde de forma imediata.
Outros riscos
Além das queimaduras, o período junino pode trazer outros complicadores para a saúde, como as lesões oculares relacionadas ao uso de fogueiras e à própria fumaça, que pode causar irritação nos olhos. Por isso, é importante sempre ficar distante de fogueiras e evitar exposição prolongada à fumaça, principalmente aquelas pessoas que têm histórico de alergia ocular. Em caso de acontecer uma irritação, o recomendado é usar um colírio lubrificante. Além das irritações, o calor das chamas pode causar queimaduras na córnea. Nesse caso, o recomendado é procurar uma emergência.
Há ainda questões mais graves. Fogos que explodem perto do olho podem fazer com que a pólvora grude na córnea, o que pode ser revertido com raspagem, mas em casos sérios pode levar até a uma necessidade de transplante. “A orientação é sempre acender os fogos distante do rosto. O que mais recebemos nas emergências nessa época são queimaduras nos olhos. Em caso de qualquer acidente, a principal orientação é não tentar mexer, lavar com soro ou água gelada, fechar o olho e procurar ajuda profissional”, afirmou a oftalmologista do Instituto de Olhos Fernando Ventura (IOFV), Lilian Bastos.
Um terceiro cuidado nessa época do ano é com a ingestão de alimentos. Os dois alertas principais são para evitar consumir produtos na rua e, em caso de consumo, observar como é feita a manipulação desse alimento. “É importante sempre prestar atenção se os comerciantes estão com luvas. Também é preciso lembrar de consumir alimentos de forma equilibrada, já que as comidas dessa época são mais pesadas”, acrescentou a nutricionista tutora da FPS Ligia Barros.
Foto: Marlon Diego/Arquivo DP Foto.
Em média, 500 pessoas são internadas por ano no Brasil em função do manuseio inadequado dos fogos de artifício, segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM). Entre 2008 e 2016, foram registradas 4,5 mil internações no país por esse motivo. O mês de junho é aquele no qual acontecem mais casos. Um terço das internações por manuseio errado de fogos de artifício no Brasil é contabilizado entre os meses de maio a julho, o que coincide com o período junino. Em 2018, o HR, referência em atendimentos a queimados no estado, registrou um aumento de 37% nas ocorrências no período de São João. “A nossa média de atendimentos por casos de queimadura por fogos e fogueira é de seis a sete por mês. No período junino, sobe para 70. No ano passado, cerca de 40% das pessoas ficaram internadas. Ocorre uma sobrecarga no serviço”, explica o chefe do setor de queimados do HR, Marcos Barreto.
As causas das queimaduras são diversas, porém as mais frequentes são lesões geradas no acendimento dos fogos ou das fogueiras. “Há lesões causadas pela própria explosão ou no uso dos combustíveis para acender a fogueira. Há pessoas que colocam objetos em cima dos fogos, que explodem e atingem o corpo. Adultos costumam chegar mais graves, pelo uso de fogos de alto teor explosivo ou por tentar acender a fogueira alcoolizado. As crianças se queimam com brasas no pé ou na roupa”, detalha Marcos Barreto.
Um dos principais cuidados é nunca deixar as crianças manipulando fogos de artifício sozinhas. “O ideal é que o adulto use os fogos e evite aqueles de pavio curto. É bom lembrar que aqueles fogos lançados para o ar têm o risco de voltar para si. Se forem explosivos, podem explodir nas mãos. Até uma chuva de prata, que é considerada inofensiva, oferece riscos. As roupas usadas pelas crianças têm muito tecido sintético, são mais fáceis de queimar. No movimento, a criança pode atingir a própria roupa ou a do colega”, alerta a enfermeira estomaterapeuta e tutora de enfermagem da Faculdade Pernambucana de Saúde (FPS) Carina Ribeiro.
A forma mais comum de queimadura nessa época é na manipulação de fogos de artifício, mas elas podem ocorrer também com a manipulação de alimentos ferventes que costumam ser feitos em caldeirões. Alguns cuidados devem ser tomados para reduzir as chances de entrar para a estatística dos queimados. Um dos principais é nunca deixar as crianças na cozinha ou manipulando fogos de artifício sozinhas. “No que diz respeito ao cozimento das comidas típicas, o ideal é usar sempre as bocas traseiras do fogão, com o cabo virado para dentro, e evitar a circulação de crianças e animais da cozinha. Esse é um tipo de queimadura muito grave, pois esses alimentos são viscosos e mais consistentes, aderem à pele e não saem rapidamente”, alerta a enfermeira estomaterapeuta.
Os olhos, o tórax e os membros são áreas vulneráveis às queimaduras e devem ser protegidas. Em caso de queimaduras, o recomendado é lavar com água fria e limpa, para aliviar a dor e resfriar o local, além de evitar que o calor continue queimando os tecidos mais profundos. O ideal é retirar imediatamente os adornos como anéis ou brincos na proximidade do local da queimadura e não colocar gelo, tecidos em cima, pastas, talcos ou outros materiais abrasivos. Em caso de lesões graves, o ideal é procurar atendimento em uma unidade de saúde de forma imediata.
Outros riscos
Além das queimaduras, o período junino pode trazer outros complicadores para a saúde, como as lesões oculares relacionadas ao uso de fogueiras e à própria fumaça, que pode causar irritação nos olhos. Por isso, é importante sempre ficar distante de fogueiras e evitar exposição prolongada à fumaça, principalmente aquelas pessoas que têm histórico de alergia ocular. Em caso de acontecer uma irritação, o recomendado é usar um colírio lubrificante. Além das irritações, o calor das chamas pode causar queimaduras na córnea. Nesse caso, o recomendado é procurar uma emergência.
Há ainda questões mais graves. Fogos que explodem perto do olho podem fazer com que a pólvora grude na córnea, o que pode ser revertido com raspagem, mas em casos sérios pode levar até a uma necessidade de transplante. “A orientação é sempre acender os fogos distante do rosto. O que mais recebemos nas emergências nessa época são queimaduras nos olhos. Em caso de qualquer acidente, a principal orientação é não tentar mexer, lavar com soro ou água gelada, fechar o olho e procurar ajuda profissional”, afirmou a oftalmologista do Instituto de Olhos Fernando Ventura (IOFV), Lilian Bastos.
Um terceiro cuidado nessa época do ano é com a ingestão de alimentos. Os dois alertas principais são para evitar consumir produtos na rua e, em caso de consumo, observar como é feita a manipulação desse alimento. “É importante sempre prestar atenção se os comerciantes estão com luvas. Também é preciso lembrar de consumir alimentos de forma equilibrada, já que as comidas dessa época são mais pesadas”, acrescentou a nutricionista tutora da FPS Ligia Barros.
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