Renan Filho ignorou calamidade em Maceió e foi à Europa ver final da ‘Champions’
Governador deixou pendências emergenciais e foi ver jogo de futebol, em Madri
Enquanto a angústia vence de goleada a disputa de milhares de alagoanos contra a iminência de uma tragédia em três bairros de Maceió (AL), o governador Renan Filho (MDB) abandonou o campo minado pela Braskem, deixando no banco de reservas das prioridades de seu governo as ações emergenciais e trocou Alagoas pela Europa, onde assiste neste sábado (1º) à final da Champions League, a Liga dos Campeões, entre os times Tottenham e Liverpool, em Madri, na Espanha.
A agenda de lazer de Renan Filho acontece três dias depois de a Defesa Civil Nacional oficializar o reconhecimento do estado de calamidade pública na capital alagoana e dois dias após o prefeito de Maceió, Rui Palmeira (PSDB) encaminhar ao governador um ofício cobrando apoio e atuação eficaz e permanente do Governo do Estado, na execução de um plano estratégico para resguardar a vida de milhares de moradores, bens e instalações nos bairros de Bebedouro, Pinheiro e Mutange.
Renan Filho deixou Alagoas sem responder ao ofício do prefeito tucano, que relatou a ausência de respostas do governo de seu adversário político a requerimentos em que a Prefeitura de Maceió pediu ajuda, no último dia 21 de maio, às pastas estaduais da Segurança Pública, Assistência Social, Defesa Civil e Detran, em favor das quase 40 mil vítimas da mineração predatória da Braskem, na região atingida por rachaduras, tremores de terra e afundamentos, agravados há mais de um ano, com colapsos e afundamentos de pelo menos 40 centímetros no solo de Maceió.
Aflição foraAusente do Palácio República dos Palmares e de agendas públicas durante quase toda a semana, Renan Filho foi um dos conterrâneos convidados para a partida pelo atacante do Liverpool e da Seleção Brasileira, o craque alagoano Roberto Firmino, cujo time é favorito na competição anual dos clubes da União das Associações Europeias de Futebol (UEFA).
Nesta sexta-feira (31), o Diário Oficial do Estado de Alagoas publicou que seu vice e secretário da Educação, Luciano Barbosa (MDB), assumiu a interinidade do cargo de governador, em virtude de Renan Filho “ter de ausentar-se do Estado para trato de assunto de interesse particular”. de campo
Enquanto Renan Filho não volta do passeio de lazer, os milhares de maceioenses ameaçados pela exploração de sal-gema (não fiscalizada pelo Estado de Alagoas, nem pela Agência Nacional de Mineração) vivem a aflição de torcer para que o governador finalmente coloque seu time em campo com postura defensiva contra o tempo invernoso que ameaça agravar a tragédia e, finalmente, jogue de forma efetiva a favor das vidas em risco.
A Prefeitura de Maceió e outras instituições como o Ministério Público Federal (MPF) defendem publicamente a execução de medidas emergenciais, especialmente para evacuação da população mais pobre que vive na chamada Barreira do Mutange, que se encontra em situação crítica, conforme aponta o laudo apresentado em 08 de maio pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM). Providência que não precisa esperar a conclusão do plano estratégico de ações já em andamento.
“Ante à situação calamitosa já conhecida e repisada pelo presente expediente, esta Municipalidade ratifica a extrema e urgente necessidade de que o Estado de Alagoas atue de forma eficaz e permanente, buscando a resolução dos problemas enfrentados, em face da impossibilidade financeira do Município”, disse o prefeito Rui Palmeira, em seu ofício.
Extraoficialmente, a previsão é de que o governador retorne à capital de Alagoas até a próxima quarta-feira (5). Oficialmente, sua assessoria disse não ter a informação sobre o destino e a agenda particular de Renan Filho.
O Diário do Poder quis saber do governador alagoano se ele avalia como prudente deixar o Brasil em um momento sensível para as famílias em risco nos três bairros de Maceió em situação de calamidade. Mas não obteve respostas aos questionamentos enviados via aplicativo de mensagens.
Veja o que aconteceu no solo de Maceió, segundo a CPRM:
Veja alguma das providências cobradas de secretarias e órgãos estaduais:
Novos aluguéis sociais para o Mutange – a Prefeitura lembra no ofício que o relatório da CPRM determina a imediata evacuação dos moradores do bairro, principalmente das moradias localizadas nas encostas. No entanto, destaca a necessidade da liberação do aluguel emergencial por parte do Governo Federal para que haja a retirada das famílias. Como o valor liberado até agora não contempla as 2.415 famílias cadastradas no bairro, a Prefeitura solicita aporte financeiro do Estado e da União. O Município diz ainda que um novo cadastramento identificou outras 2.038 famílias que também precisam do benefício.
Demolição de imóveis – No ofício, o prefeito Rui Palmeira também solicita recursos financeiros e operacionais do Estado para a demolição dos imóveis desocupados, com o objetivo de impedir novas ocupações das áreas de risco.
Suporte para cadastramento – Embora já tenha efetuado o cadastramento de parte das famílias atingidas, a Prefeitura afirma que os estudos da CPRM recomendam a ampliação do serviço, e conta, para isso, com o apoio material e de pessoal do Estado para que processo seja mais rápido.
Veja os outros requerimentos encaminhados pelo Município a secretarias e órgãos estaduais:
Nenhum comentário:
Postar um comentário