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segunda-feira, 27 de maio de 2019

MORTES EM REBELIÃO

Rebelião em presídio de Manaus deixa mortos

Rebelião no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em ManausFoto: Marcelo Camargo/Agência Brasil


Motim começou durante o horário de visita de familiares e foi motivado por conflitos entre as organizações criminosas

Uma rebelião resultou em 15 mortes no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus, no final da manhã deste domingo (26). O titular da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do Amazonas, Márcio Vinicius Almeida, afirmou que os detentos morreram durante uma "briga interna" ocorrida no regime fechado.

Segundo ele, os presos morreram asfixiados ou golpeados com "estoques", armas brancas artesanais improvisadas, no caso, com escovas de dente. Os nomes das vítimas não foram divulgados.

O Compaj foi palco de uma das maiores chacinas ocorridas em presídios brasileiros: em janeiro de 2017, uma briga entre facções rivais, seguida de um motim que durou 17 horas, deixou 59 mortos.
Neste domingo (26), segundo o secretário de Segurança Pública do estado, Louismar Bonates, o motim começou durante o horário de visita de familiares e foi motivado por conflitos entre diferentes organizações criminosas.
"Houve um confronto entre dois grupos organizados de dentro do presídio, que têm conflitos e aproveitaram o momento da visita de familiares para fazer essa tomada", explicou Bonates, que negou que os visitantes tenham sido feitos reféns.
De acordo com o titular da pasta, no momento em que a confusão entre os presos começou, muitos familiares que estavam no presídio correram para a quadra e outros para os corredores, em uma tentativa de evitar o confronto com a polícia.

"Eles não fazem os familiares de escudo humano, o que acontece é que alguns familiares, nessa situação, preferem ficar no presídio para evitar a intervenção das forças de segurança, na tentativa de que eles consigam apaziguar os ânimos", disse.

O secretário relatou que o Grupo de Intervenção Penitenciária e a Tropa de Choque da Polícia Militar foram deslocados para o presídio e que a rebelião foi contida ainda no início da tarde deste domingo.

Para ele, o motim foi resultado de um racha interno das organizações criminosas, provocado por conflitos motivados por mudanças na administração do presídio.
"A atual administração está incentivando o sistema de trabalho para redução de pena e muitos presos vêm aderindo. Isso parece estar incomodando as lideranças e pode ser a causa desse conflito", justificou.

Em 2017, na mesma semana da rebelião no Compaj, mais quatro detentos foram assassinados durante um motim na Unidade Prisional de Puraquequara (UPP), também em Manaus, e, seis dias depois, uma nova rebelião, desta vez na Cadeia Pública Raimundo Vidal Pessoa, localizada no centro da capital amazonense, terminou com mais quatro mortos.

Naquele mesmo ano, a crise prisional se estendeu para outros estados. Quatro dias depois da chacina nas unidades prisionais do Amazonas, 33 presos foram assassinados no maior presídio de Roraima, a Penitenciária Agrícola de Monte Cristo.
Também no início de 2017, um motim deixou pelo menos 26 mortos, decapitados ou carbonizados, na penitenciária de Alcaçuz, em Nísia Floresta, a maior do Rio Grande do Norte..



REBELIÃO NO ESPÍRITO SANTO

No fim da manhã deste domingo (26), houve outra rebelião, mas no Espírito Santo. Detentos da Casa de Custódia de Vila Velha iniciaram motim pouco antes de 12h. Nesta, familiares e visitantes foram usados como escudo humano pelos presos.

De acordo com a Secretaria Estadual de Justiça do ES, 65 internos foram responsabilizados pela organização do motim -a unidade abriga 496 presos. Além dos reféns, os internos teriam depredado a unidade e utilizado pedras para ameaçar os inspetores. Havia no local cerca de 150 visitantes externos.

Após a notificação da ocorrência, a Diretoria de Operações Táticas foi acionada para negociar o resgate dos reféns. A rebelião foi controlada por volta de 13h, e os reféns, liberados. Ao menos 33 presos na unidade capixaba ficaram feridos, sendo três destes encaminhados para atendimento externo.

Não há registro de reféns feridos durante a rebelião. A pasta não informou à reportagem o estado de saúde dos feridos. 


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