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quarta-feira, 27 de março de 2019

POLÊMICA NO VÔLEI

Bernardinho se desculpa após chamar Tifanny de homem

Tifanny defende o time de BauruFoto: Marcelo Ferrazoli/Vôlei Bauru


Técnico do Sesc Rio foi flagrado em leitura labial durante a partida contra o Bauru, nesta terça-feira (26)

Desde que o projeto do seu time de vôlei feminino foi criado, há 22 anos, o técnico Bernardinho nunca ficou fora de uma semifinal da Superliga. Nesse período, fez 14 finais, com 12 títulos conquistados. Seu time é, disparado, o maior campeão nacional e, mesmo quando não forma elencos estrelados, costuma impor respeito pela tradição que tem. Essa hegemonia foi quebrada nesta terça-feira (26) pelo jovem Sesi Vôlei Bauru/SP, que chega à semifinal do certame pela primeira vez em sua história após vencer a série de quartas de final por 2x1. 

Isso seria o acontecimento mais relevante sobre os playoffs da edição 2018/2019 da Superliga, não fosse o fato de o veterano treinador ter roubado a cena ao ser flagrado pelas câmeras de transmissão durante o último jogo da série melhor de três bradando a seguinte frase: “Um homem é f***”. O comentário aconteceu após a ponteira Tifanny, do Bauru, marcar um ponto explorando o bloqueio do Sesc Rio. 

O fato foi relatado pelo perfil no Instagram de um time de vôlei de São Paulo que prega a inclusão LGBT. Na própria postagem, após a repercussão negativa, Bernardinho publicou um comentário com pedido de desculpas pelo ocorrido. “Peço desculpas a todos. Não foi minha intenção de forma alguma ofendê-la. Me referia ao gesto técnico e ao controle físico que ela tem, comum aos jogadores do masculino e que a maior parte das jogadoras não tem. Sempre trabalhei e tentei ajudar com meu trabalho diversos jogadores e jogadoras sem qualquer tipo de preconceito. À Tifanny dou meus parabéns pela grande atuação e conquista e a todos que se sentiram ofendidos reitero minhas desculpas, pois jamais foi minha intenção”, disse o técnico.

Tifanny estreou na Superliga feminina na última edição e teve sua participação cercada de polêmicas. Muitas atletas se posicionaram contra a presença dela, alegando discrepância de porte físico. No Nacional de 2017/2018, ela foi um diferencial para a sua equipe, muito por conta do fator surpresa, já que era uma atleta nova no cenário, que poucos conheciam suas características. Embora tenha feito um excelente jogo e ajudado a eliminar o Sesc Rio nesta semana, a ponteira já não consegue obter mesmo rendimento nesta temporada, está mais marcada, suas fragilidades mais expostas. É tanto que pouco se protestou sobre a continuidade dela na Superliga. 

Hoje com 33 anos, Tifanny passou pelo processo de mudança de sexo aos 29. A presença dela na Superliga foi liberada porque a avaliação feita pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) leva em consideração o nível de hormônios. Ela teria de ter um índice de testosterona abaixo de 10 nanomols por litro de sangue. Seus exames a classificaram como regular e, tanto a Confederação Brasileira de Vôlei, quanto a Federação Internacional (FIVB), seguem as diretrizes do COI. 




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