Com cinco anos de história, Afogados da Ingazeira constrói crescimento 'passo a passo'
2019 tem sido um ano de conquistas inéditas para a Coruja do Pajeú (Foto: Paulo Paiva/DP Foto)
Coruja do Pajeú conquistou a vaga na Série D 2020, eliminou o Santa Cruz do Campeonato Pernambucano e vai em busca de mais na atual temporada
Antes da realização da partida da última quarta-feira, falava-se de um embate entre Davi e Golias, entre uma agremiação centenária e um clube com apenas cinco anos de fundação. A classificação do Afogados da Ingazeira para as semifinais do Campeonato Pernambucano coroa um trabalho paulatino que vem construindo um time de futebol competitivo no Sertão do Pajeú.
A coruja - como ficou conhecido o Afogados - foi fundada em 12 de dezembro de 2013 e na atual temporada conseguiu conquistas inéditas, como a conquista da vaga para disputar a Série D em 2020, além de ser um dos semifinalistas do Estadual 2019. Para isso, o segredo do trabalho desenvolvido no clube sertanejo é a caminhada passo a passo.
“O Afogados funciona pensando em um passo de cada vez. Primeiro, queríamos assegurar a permanência, depois conquistar a vaga para a Série D. Agora, chegamos à semifinal e vamos buscar a vaga, mesmo sabendo que é muito difícil”, conta o diretor de futebol, Ênio Amorim.
A temporada, que já considerada histórica para o clube e para a cidade é fruto de um planejamento que vem sendo desenvolvido desde que o Afogados começou a disputar a Primeira Divisão do Campeonato Pernambucano. “A gente vem subindo uma escada, degrau por degrau. Atualmente, somos os únicos representantes da região do Sertão do Pajeú. Quando montamos o elenco, traçamos algumas metas. Estávamos batendo na trave na classificação da Série D, em 2017, ficamos fora por uma vitória; em 2018, não nos classificamos por um gol. Então, nosso planejamento, nosso foco foi montar um elenco com jogadores que aliassem a qualidade técnica e o compromisso com o projeto da instituição”.
Um dos principais colaboradores para o êxito deste projeto é o treinador Pedro Manta. Focado, o técnico pontua que para se superar um desafio do tamanho de um “Golias” é necessário muito estudo e um grupo comprometido. “Sabíamos a disparidade que havia entre nós e o Santa Cruz. Nós estudamos eles bastante para neutralizar os pontos do Santa Cruz. Nós éramos franco-atiradores. Tenho que agradecer ao grupo que comprou a ideia de que nós conseguiríamos e se aplicou ao máximo para conseguirmos esse resultado histórico.”
Em sua quinta passagem pelo clube do Pajeú, ele ressalta a importância do feito obtido neste ano. “Meu principal objetivo eu consegui. Era a permanência do Afogados, depois era buscar um calendário para o clube e a classificação às quartas de final. Agora queremos ir comendo pelas beiradas e irmos até onde der”, contou.
Fazendo história
O Afogados da Ingazeira tem sido abraçado pela cidade homônima incrustada no Sertão pernambucano. Com apenas 37 mil habitantes, o município é o único da microrregião do Pajeú a possuir um representante na Série A1 do Estadual.
“Apesar de ainda terem muitas pessoas na cidade que torcem para times de fora, sentimos que o projeto foi abraçado. Afogados da Ingazeira é uma cidade com 37 mil habitantes. Hoje, na nossa chegada percebemos que a cidade está em festa. Chegamos às 7h da manhã, demos uma volta para a cidade e fomos recebidos com pessoas acenando e algumas chorando. Isto mostra que o Sertão vive uma ascensão no futebol. Primeiro com o Salgueiro, que chega de maneira recorrente às semifinais e agora conosco. É a representação do crescimento e a modernização do futebol no Sertão pernambucano”, salientou Ênio.
Com uma folha salarial em torno de R$ 68 mil, para pagar os 27 jogadores do elenco (R$ 54 mil) e a comissão técnica, o Afogados tem dois segredos para buscar a manutenção da boa fase: o equilíbrio financeiro e o trabalho pensado a longo prazo.
“Fizemos um grupo muito bom. Trabalhamos 50 dias em uma pré-temporada e formamos uma família. Nosso time tem muita vontade de vencer e sabe ser muito técnico quando precisa. Algo fundamental para o nosso sucesso é o pagamento religioso dos salários de jogadores e comissão técnica”.
Diario de Pernambuco
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