Palestinos condenam transferência da embaixada de Brasil para Jerusalém
Jerusalém, cidade considerada sagrada pelas três principais religiões abraâmicasFoto: Wikipedia
Mudança foi anunciada pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro, ainda durante a campanha, e confirmada nesta semana
A questão da implementação das embaixadas em Israel é particularmente sensível. O Estado judeu considera toda a cidade de Jerusalém como sua capital, enquanto os palestinos aspiram tornar Jerusalém Oriental a capital do seu futuro Estado.
Israel ocupa Jerusalém Oriental desde a guerra de 1967 e posteriormente a anexou, ato nunca reconhecido pela comunidade internacional. Neste contexto, para a comunidade internacional, o status da Cidade Sagrada deve ser negociado por ambas as partes e as embaixadas não devem se estabelecer lá até que um acordo seja alcançado.
Mas o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, rompeu, em dezembro de 2017, com décadas de diplomacia americana, reconhecendo Jerusalém como a capital de Israel. Após essa decisão, o presidente palestino, Mahmud Abbas, cortou os laços com o governo Trump.
A embaixada dos Estados Unidos foi transferida de Tel Aviv para Jerusalém em 14 de maio, antes de a Guatemala e o Paraguai anunciarem planos para seguir Washington. Posteriormente, Assunção recuou e anunciou o retorno de sua embaixada para Tel Aviv. "É realmente uma pena que o Brasil tenha aderido a essa aliança negativa contra o direito internacional", lamentou Achraui.
A decisão brasileira também foi condenada pelo movimento islamita Hamas, que governa a Faixa de Gaza e que travou três guerras contra Israel desde 2008. "Nós consideramos que se trata de uma medida hostil em direção ao povo palestino e ao mundo árabe e muçulmano", reagiu o porta-voz do Hamas, Sami Abu Zahri, nesta sexta-feira no Twitter.
O presidente eleito Bolsonaro escreveu na quinta-feira (1º) no Twitter: "Como afirmado durante a campanha, pretendemos transferir a Embaixada do Brasil de Tel Aviv para Jerusalém. Israel é um Estado soberano e nós o respeitamos".
Pouco antes, em uma coletiva de imprensa em sua residência no Rio de Janeiro, Bolsonaro disse: "Temos respeito com o povo de Israel, o povo árabe. Não queremos criar problemas com ninguém. Queremos fazer comércio com o mundo todo, buscar vias pacíficas pra resolver problemas. Não queremos criar poeira para resolver problemas".
No mesmo dia, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, elogiou uma decisão "histórica" do presidente eleito do Brasil.
Especialistas afirmam que a concretização dessa promessa poderá provocar represálias comerciais de países árabes, que são mercados importantes para as carnes brasileiras.
Perguntado sobre o tema em uma entrevista publicada na quinta-feira pelo jornal israelense Israel Hayom, Bolsonaro respondeu: "Quando me perguntavam, durante a campanha, se faria isso quando fosse presidente, eu respondia 'Sim, são vocês que decidem qual é a capital de Israel, não as outras nações'".
Por: AFP
Nenhum comentário:
Postar um comentário