Haddad celebra apoio de Joaquim Barbosa
Fernando Haddad, no RecifeFoto: Ed Machado/Folha de Pernambuco
Haddad ainda disse que nem todos têm a coragem de admitir o risco de uma presidência de Bolsonaro
Em seu último evento de campanha, na periferia de São Paulo, Fernando Haddad (PT) celebrou o apoio público do ex-presidente do STF Joaquim Barbosa à sua candidatura, mas estocou aqueles que, segundo ele, "não têm coragem de admitir o risco" que seu adversário, Jair Bolsonaro (PSL), representa.
Haddad não citou nominalmente Ciro Gomes (PDT), de quem esperava um apoio mais explícito a seu nome no segundo turno, mas mostrou irritação ao ser questionado por jornalistas sobre o fato de o ex-governador do Ceará não ter se posicionado a seu favor.
"O que Joaquim Barbosa falou é o que todo mundo sabe e alguns têm medo de dizer. Infelizmente, nem todo mundo tem a coragem de admitir o risco que ele [Bolsonaro] realmente representa para o país", afirmou Haddad neste sábado (27).
O petista disse ainda que queria falar dos apoios que recebeu "até sábado" e que tentou falar com Ciro, que chegou de viagem à Europa na noite desta sexta-feira (26), mas tem se mantido em silêncio sobre o segundo turno.
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"Eu tentei [falar com Ciro]. [...] estou querendo falar de quem, até o sábado, se manifestou. Para mim, Joaquim Barbosa é a notícia do dia. Vocês estão querendo transformar uma notícia boa numa notícia ruim. Só colabora com a desgraça nesse país", disse Haddad aos jornalistas.
"O apoio do Joaquim Barbosa é muito significativo. Ele tem uma representação muito forte. Ele representa valores com os quais eu compartilho. Eu o visitei, aguardei esse momento, estou celebrando seu apoio", completou.
O ex-presidente do STF declarou voto em Haddad neste sábado (27), a um dia do segundo turno. Disse, em seu Twitter, que fez uma escolha "racional" e que, "pela primeira vez em 32 anos de exercício do direito de voto, um candidato me inspira medo", em referência à Bolsonaro.
"Por isso votarei em Fernando Haddad", escreveu Barbosa.
Desde o início do segundo turno, o petista tem tentado construir uma frente democrática contrária a Bolsonaro, mas o apoio público não veio das figuras mais esperadas por ele, Ciro Gomes e Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Haddad havia conversado com o ex-presidente do STF em Brasília há alguns dias, mas o encontro tinha sido pouco assertivo. Segundo relatos, o petista sinalizou que Barbosa seria um bom nome para ser seu ministro da Justiça, o que poderia afastar a pecha de corrupção do PT.
Relator do mensalão, o magistrado foi algoz de petistas históricos, como José Dirceu, José Genoino e João Paulo Cunha.
Na última semana, além de Barbosa, atores políticos de menos relevância no cenário eleitoral, como Marina Silva (Rede), que terminou o primeiro turno com 1% dos votos, o tucano Alberto Goldman e também Jarbas Vasconcelos, senador eleito pelo MDB do Pernambuco, declararam voto em Haddad.
Um dia antes da eleição, o candidato do PT manteve o tom mais agressivo contra Bolsonaro que tem adotado na última semana de campanha e disse que seu adversário é uma pessoa "perigosa", "um risco institucional".
Segundo Haddad, há setores da imprensa que tentam "adocicar" o capitão reformado.
"Vocês estão tratando um sujeito truculento como uma pessoa da paz, uma pessoa razoável. Bolsonaro não é razoável", disse.
O último ato de campanha do PT foi em Heliópolis, uma favela da região Sudeste da capital paulista. "Obrigado. Eu terminei a campanha aqui porque sei que, se virar em São Paulo, eu viro no Brasil".
Depois de movimentos erráticos nos dez primeiros dias do segundo turno, o partido focou o discurso no eleitor mais pobre, tradicionalmente lulista, e que não se sentia muito conectado à figura de Haddad -muitos migraram para Bolsonaro no primeiro turno.
Haddad voltou a crescer no segmento na última semana e a campanha ganhou ânimo desde quinta (25), quando as pesquisas começaram a mostrar uma redução da vantagem do capitão reformado sobre o petista.
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