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terça-feira, 25 de setembro de 2018

SPORT - ROMPENDO O SILÊNCIO

Salários, oposição política e erro no futebol: Arnaldo Barros fala sobre situação do Sport

"Estamos em uma campanha velada", disse Arnaldo Barros sobre oposição política


Presidente rompe silêncio e aborda questões do clube em crise


O presidente do Sport, enfim, rompeu o silêncio. Na entrevista coletiva de apresentação da nova diretoria de futebol, composta pelo novo vice de futebol Laércio Guerra e o diretor Aluísio Maluf, Arnaldo Barros respondeu a questões importantes sobre o momento do clube um dia após o pedido de demissão do treinador Eduardo Baptista e a saída de toda a diretoria de futebol. Na manhã desta terça-feira, falou sobre salários atrasados, questões políticas em ano de eleições e rebateu que tenha se furtado de prestar esclarecimentos sobre a situação do Rubro-negro, que deve dois meses de salários da carteira de trabalho e de direito de imagem além de estar mergulhado em uma luta dura contra a zona de rebaixamento.

Arnaldo Barros havia dado a última entrevista coletiva no dia 25 de abril, quando abordou orçamento do clube de 2017. Na ocasião, os números apontaram para um déficit de R$ 15 milhões. Agora sofrendo forte oposição de grupos políticos, ele diz que não se sente isolado e garante ter desarmado o palanque durante a sua gestão. Sobre o futebol, admitiu que o clube não soube administrar a situação na pausa da Série A para a Copa do Mundo, quando o Rubro-negro estava em sétimo lugar. 

Salários atrasados

“O Sport está com dois meses atrasados. Nós vamos quitar um mês até esta sexta-feira. E esperamos trazer o mais rápido possível a notícia de que estamos regularizados. Nunca tivemos três meses atrasados. Nosso problema não diria que é de receita. Diria que é fluxo de caixa, que não está compatível com os pagamentos. Nós tínhamos um planejamento. Nós, por exemplo, vendemos Diego Souza e valor está bloqueado. Se você observar, é um valor que corresponde exatamente ao valor que estamos devendo. Nós temos que saber conviver e resolver isso. Administrar um clube da grandeza como é o Sport implica em saber resolver questões como essas.”

Tempo sem dar entrevista

“Eu não deixei de dar entrevista. Entendo que vocês estavam acostumados em ter mais contato mais próximo porque fui vice-presidente de futebol e cabe esse contato direto, tratando da principal atividade do clube que é o futebol. Passei mais de dois anos e nunca deixei de atender à ninguém. Hoje, estou em outra atribuição. Não posso me ater apenas ao futebol. É por isso que a gente tem um vice-presidente de futebol aqui. Ele vai atender a imprensa até porque está no dia a dia e melhor equipado para dar as informações que precisam. Em uma situação de cenário econômico adverso que estamos enfrentando em nosso país, preciso me entregar aos problemas que exigem maiores forças. Eu trabalho de 12 a 14 horas. Logo cedo, estou cheio de mensagens para resolver. Tenho até me afastado dos meus afazeres pessoais.”

Oposição política

“Estamos em uma campanha velada. Desarmei palanque e entrei de coração aberto (no mandato). Desarmei tanto que conversei com pessoas da oposição para participar do planejamento estratégico no ano passado. Chamei não só um, mas uns dez. Sempre recebi pessoas da oposição no Sport, no meu escritório. Sempre procurei atender a todos. Foram reuniões longas, de três a quatro horas. Falei sobre tudo. Quando fiz convite para Guilherme Beltrão aceitar, fui conversar com eles sobre isso. Reconheço neles (oposição) valorosos rubro-negros. Agora, não quer dizer que tenho que administrar tal qual as pretensões deles até porque eu fui eleito em outra plataforma.

Nesses anos tenho sofrido, uma oposição aguerrida. Não digo tanto dos ex-presidente, mas dos que estavam no entorno dele. Isso prejudica meu tempo porque tenho que me dedicar a resolver isso. Entendo que isso faz parte do processo democrático. Se for atender a tudo e rebater as críticas, não vou ter tempo para mais nada e não falo apenas da imprensa. Quando há situação de relevância institucional, eu convoco a imprensa e falo, como foi em abril quando relatei todas as questões do balanço financeiro.” 

Candidatos de oposição

"No que diz respeito à candidatura de A, B ou C, não tenho o que comentar. É legítimo. Todo sócio em dia que respeite os limites estatutários pode ser candidatar. Como cada um vai se portar, depende dos valores de cada um. Eu fiz um campanha dentro do que acho respeitoso e ético. Quero registrar a lisura e a postura do meu adversário Wanderson Lacerda (na eleição que venceu). Já fiz o elogio e falo de novo. Foi um adversário ético, com um nível bom de debate.

Quanto ao fato de outros oito ex-presidentes estarem reunidos, eles não estão de agora não. Estão desde a minha campanha. Esse posicionamento tomado contrário é desde a gestão de (Humberto) Martorelli. Eles se colocaram com um reduto de oposição. Isso é legítimo. Não estou reclamando. Eles se reúnem desde sempre. Inclusive, eu fui para um almoço que passei mais de quatro horas. Repassei todos os esclarecimentos que me pediram. Ao final, imaginei que havia saciado a todos os esclarecimentos. Até porque me foi dito isso. Depois, recebi um mesmo documento formalizado para responder o que falei lá.

O que tenho dito é que isso não é com Arnaldo. É uma questão política. Houve uma alternância de poder e isso aconteceu na minha eleição porque o presidente Martorelli era uma pessoa nova no poder, mas o Conselho Deliberativo não era. Tanto que foi fazer oposição a Martorelli. Quando me candidatei, nós tivemos que compor um novo Conselho. Uma parte que se ajustou à minha gestão. Os outros dois terços era de gente nova, que nunca entrou em uma reunião. Esse antigo Conselho não aceitou essa renovação conquistada nas urnas."

Situação na Série A

“Eu acredito sempre. Nada no Sport é fácil. Tudo é feito com muita luta. Há quem fale que, se o Sport ganhar os confrontos diretos pela frente, o Sport sai da zona de rebaixamento. Junto com meus companheiros (nova diretoria), fizemos projeções e há realmente chances do Sport sair. É difícil, mas a gente acredita. Não é o momento de jogar a toalha. O momento é de trabalho. Se o tanto que está se fazendo não é suficiente, nós temos que fazer mais. Ninguém pode acusar essas direção de omissão. Nós estamos tentando colocar o Sport no caminho certo.”

Problemas na pausa para a Copa do Mundo

“O que deu errado não se resume a poucas palavras. Este mesmo elenco de agora contou com pequenas alterações que foram feitas para melhor. É um elenco que chegou a estar em segundo lugar antes da parada da Copa do Mundo. Não soubemos administrar bem a parada. Não é questão de ter tido amistoso ou não. Não tratamos a parada com a intensidade e inteligência necessárias para se projetar o retorno na mesma intensidade que vinha atuando. As outras equipes se movimentaram mais e tiveram mais sucesso. Temos que recuperar o tempo perdido para voltar a vencer os jogos. Não tem fórmula mágica. É preciso treinamento, trabalho intenso.”

Diario de Pernambuco

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