O sítio e o estado de sítio
O caminho (que pena!) parece traçado. Vamos ter de escolher entre um candidato de porta de cadeia e um de porta de quartel. Um candidato que se opõe aos esquerdistas mas apoiou as candidaturas presidenciais de Lula e de Dilma, ou o que diz que o candidato a presidir de fato o país é outro, mas a chapa está em nome dele. Um que cita com saudades um campeão da tortura, outro que cita com saudades os campeões da roubalheira.
Que é que acham das mulheres, no campo político, esses candidatos? Um acha normal mulher ganhar menos que homem, outro usa com orgulho, mesclado a seu próprio, o nome do dono da chapa, aquele que convocou as mulheres de grelo duro a brigar por ele. Um disse que teve quatro filhos e, na quinta vez, fraquejou e teve uma filha. O outro, o que é mas não põe o nome, disse que uma antiga companheira de partido, surpreendida por uma operação de busca e apreensão, ficou feliz, achando que os cinco federais que entraram em sua casa, de manhã cedinho, “tinham caído do céu”.
Um candidato não tem programa de governo. Seria difícil. Em toda a sua vida, foi estatizante, nacionalista, antiliberal, mas entregou seu projeto econômico a um pregador do liberalismo. O outro candidato tem programa de governo – o que é pior. Como prefeito de São Paulo, ficou longe de cumprir seu plano de metas. Em suma, um candidato de estado de sítio e um candidato de sítio de Atibaia, que é do outro mas está em seu nome.
Carlos Brickmann
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