Jucá trata os refugiados a golpes de oportunismo
Em campanha à reeleição, o senador Romero Jucá, de Roraima, prefere ser oportunista e pescar o voto xenófobo do que exercitar a solidariedade humana e estender a mão aos venezuelanos que fogem da fome e da insensatez autocrática de Nicolás Maduro. Jucá quer fechar provisoriamente as fronteiras com a Venezuela. Sob a alegação de que Michel Temer não aderiu à tática do pé na porta, Jucá ''abdicou'' do posto de líder do governo no Senado.
A valentia de Jucá é calculada. Deixou a posição honorífica de líder de um governo a quatro meses do final, chefiado pelo primeiro presidente da história a se tornar ex-presidente ainda no exercício do cargo. Bateu em retirada sem sair do lugar, pois declara-se tão governista quanto antes.
“Não rompi com o governo, mas nessa situação [dos refugiados venezuelanos] eu sou adversário e vou cobrar todas as questões que meu Estado precisar”, afirmou Jucá, antes de fazer média com o eleitor avesso a venezuelanos: “(…) Eu não tenho condições de defender Roraima, criticar o governo e ocupar o cargo de líder. Então, entre o cargo de líder e o governo federal ou o Estado e a população de Roraima, que me elege e que eu tenho que defender, é claro que eu opto sem nenhuma dúvida pela população de Roraima.”
Como disse a ministra Rosa Weber no despacho em que reverteu no STF a ordem de um juiz de Roraima que mandara bloquear a entrada de venezuelanos, ''fechar as portas'' seria o mesmo que ''fechar os olhos'' à questão social que já levou 127 mil refugiados a bucarem socorro no Brasil —desse total, 60% já deixaram o país rumo a outros vizinhos da América Latina.
Em vez de pressionar Temer para introduzir método no socorro aos venezuelanos, apressando, por exemplo, a condução dos refugiados para outros Estados, Jucá opta pela desumanidade. Interesse público, honestidade de propósitos e liderança são coisas que o brasileiro nunca acredita que certos políticos tenham. E certos políticos, por sua vez, não têm.
Josias de Souza
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