Polícia investiga denúncia de violência sexual contra crianças em escola particular do Recife
Pelo menos seis meninas e um menino com idades entre 3 e 5 anos relataram terem sido violentados. As vítimas foram ouvidas e passaram por exame sexológico no IML
"A primeira a relatar a violência foi uma menina que se queixou para a mãe de dores na região genital. Isso foi no fim de semana. Então a mãe procurou o Conselho Tutelar e eles acompanharam a vinda dessas primeiras pessoas até a delegacia. E aí começou e outras crianças também foram contando", lembrou o delegado Ademir de Oliveira, responsável pelas investigações.
Duas crianças foram ouvidas pela polícia nesta terça-feira (31). Uma delas foi um menino que, em seu relato, disse que era levado pelo homem para uma sala no primeiro andar do estabelecimento, onde os crimes sexuais eram praticados. "Tudo isso será objeto de investigação. O primeiro passo é ouvir a criança e submeter ao exame sexológico, que é o que a gente está fazendo. Eu estou em contato com o IML (Instituto de Medicina Legal) para agilizar esses exames, fundamentais para a gente saber o que aconteceu com essas crianças", detalhou o investigador.
A revelação gerou comoção entre moradores do bairro e pais de alunos, que não permitem mais que os filhos frequentem o espaço. "Nós vamos na escola fazer o reconhecimento do local e intimar tanto a proprietária quanto o companheiro, que está sendo acusado dos abusos. Também estamos checando junto aos órgãos municipais de educação sobre a regularidade ou não do estabelecimento, seja escola, hotelzinho ou creche", acrescentou Ademir de Oliveira.
Outros pais de alunos também procuraram a DPCA mesmo sem qualquer indício de violência. "Pelo menos dois vieram até a delegacia, preocupados. Se não há relato ou sinal de violência, não é necessário submeter as crianças a procedimentos como depoimento e exame sexológico", afirmou o delegado.
Alerta aos pais
Casos de violência e abuso sexual contra crianças e adolescentes são mais comuns do que se imagina. O Atlas da Violência de 2018 aponta que as crianças são as maiores vítimas de estupro no Brasil. De acordo com o estudo, produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), 50,9% dos casos registrados de estupro em 2016 foram cometidos contra menores de 13 anos.
"É interessante que os pais fiquem atentos. Na hora de dar banho é importante observar se há algum sinal físico de violência ou alguma mudança no comportamento da criança. Eles devem orientar seus filhos, ficarem sempre em contato com eles e não permitir que pessoas estranhas se aproximem ou que toquem em partes íntimas da criança. E que, se isso acontecer, é para pedir que eles relatem. Uma criança que está preparada desta forma é menos sujeita a este tipo de violência", observou o delegado.
Imagens nas redes sociais
A polícia também vai averiguar a informação de que alguns moradores estariam compartilhando, pelas redes sociais, imagens do suspeito e das crianças que podem ter sido violentadas. O delegado alertou que a divulgação de imagens de crianças e adolescentes vítimas de violência é considerada crime pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). "Pode haver outro crime, não se pode expor imagem de crianças e dizendo que elas foram abusadas. Isso é crime. Os pais que se sentirem prejudicados também podem nos preocupar, independente de haver ou não crime sexual", disse.
FolhaPE
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