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sexta-feira, 1 de junho de 2018

ESTELIONATO ELEITORAL

O marketing do surto


O chamado marketing político sempre foi o subgênero da propaganda, uma espécie de pornochanchada do cinema político nacional. Estelionatos eleitorais são comuns, em todos os partidos – não apenas em eleições, mas na rotina administrativa dos governos. Não se vende apenas o país ideal, vende-se o país irreal. O nirvana. A ponte para o paraíso. O Jardim do Éden. O Jannah, concepção islâmica do paraíso. Já vimos de tudo, mas a atual campanha do governo Temer pelos dois anos – meu Deus! – de governo ultrapassa qualquer limite de razoabilidade.
Não é estelionato apenas, é enganação, tapeação, empulhação – me ajudem aí no substantivo! – golpe, fraude, embuste, logro, mentira. A greve dos caminhoneiros, que apenas expôs um pouco do país real, e da absoluta inabilidade e descaso desse governo com qualquer coisa que não seja artimanha, estratagema pela sobrevida, não foi suficiente para frear as indecências da turma de Elsinho Mouco, o marqueteiro de Temer, que, como escreveu Sergio Lirio, na Carta Capital, inventou a “gafecomunicação”. Eu diria “fakecomunicação”.
A frase “O Brasil voltou, 20 anos em 2”, pérola mais recente, como já comentei aqui, precisou ser revista com urgência urgentíssima, antes que Temer fizesse há duas semanas cerimônia – o cara ainda faz evento, minha nossa senhora das causas impossíveis! – para um balanço de 2 anos de seu governo. Mas para quem achou que a lambança da turma do marketing ia parar ali, apenas com a correção da vírgula, ledo engano.
Depois de publicar nos jornais, o governo decidiu distribuir pelo país, em outdoors – em aeroportos, relógios de rua, pontos de ônibus, elevadores -, a um custo certamente elevadíssimo, a incrível campanha “Avançamos com o Brasil – 2 anos de vitórias na vida de cada brasileiro”. O V do “avançamos” é representado por garotos propaganda fazendo o V da (pausa) vitória. Quem caminhasse pelas ruas de qualquer cidade brasileira, digamos, o Rio de Janeiro, onde moro, veria a seguinte sequência de cenas. Filas em postos de combustível, de motoristas esperando a chegada dos caminhões-tanque para abastecer as bombas, mercados com prateleiras vazias e, nos intervalos entre o caos e o desabastecimento, a propaganda do governo.
Estou curioso para ver a próxima pesquisa sobre aprovação do governo, onde Temer, nos últimos tempos, beirava o traço, algo entre 4% e 6%, praticamente a margem de erro. Existe índice negativo para essas pesquisas?

Ricardo Miranda – Blog Os Divergentes

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