PF vê ligação de Temer e porto de Santos desde 2004
Primeiras acusações ligadas ao tema partiram de ex-mulher de um presidente da estatal Codesp
A suspeita de que Michel Temer recebe propina de empresas que atuam no porto de Santos é investigada desde 2004. Foi nesse ano que a Polícia Federal instaurou um inquérito para apurar acusações feitas pela estudante Erika Santos, que fora casada com um ex-presidente da Codesp, a estatal que administra o porto, chamado Marcelo de Azeredo.
A suspeita de que Michel Temer recebe propina de empresas que atuam no porto de Santos é investigada desde 2004.
Erika dizia que o Azeredo tinha como padrinho político o então deputado federal, Michel Temer, e comandava um esquema de suborno no porto. Ele presidiu a estatal entre 1995 e 1998, no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso.
O coronel reformado da Polícia Militar João Baptista Lima Filho, que foi preso nesta quinta (29) pela PF, era citado como um dos auxiliares de Temer que participava do esquema.
Documentos entregues por Erika à Polícia Federal citavam o nome de Lima e as iniciais do nome do presidente (MT).
Ela dizia que encontrou os papéis entre os pertences do ex-marido. Uma das planilhas dizia o seguinte: "Lima quer participação para MT, MA e L em torno de 20%".
MA, de acordo com a PF, seria Marcelo de Azeredo, o ex-presidente da estatal que manda no porto, e L, o coronel Lima.
Outro papel contém a seguinte observação: “Lima está terminando o contrato. Percentual ainda não acertado". As iniciais MT, MA e L são mencionadas novamente. A anotação está relacionada ao arrendamento dos armazéns 34 e 35 do porto, um negócio de R$ 40 milhões em valores da época.
Uma empresa do coronel, a Ageplan, também aparece nos documentos entregues por Erika à polícia. A Argeplan é relacionada a três contratos no porto de Santos. Num desses contratos, sobre coleta seletiva de lixo, a empresa teria uma participação de 17,5%.
Entre os papéis que Erika entregou à PF havia uma anotação que apontava o pagamento de R$ 600 mil pela Rodrimar, empresa cujo dono, Antônio Celso Grecco, foi preso nesta quinta (29) pela PF. Segundo o documento, Temer ficou com metade desse valor, e a outra metade foi dividida entre o coronel Lima e o ex-presidente da Codesp.A Rodrimar nega que tenha feito pagamentos ilícitos a Temer ou a qualquer funcionário do porto. O advogado de Temer, Antonio Claudio Mariz de Oliveira, também refuta que seu cliente tenha recebido suborno.
Mario Cesar Carvalho – Folha de S.Paulo
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