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sábado, 24 de fevereiro de 2018

SUMIRAM COM AS INFORMAÇÕES

Odebrecht: PF vê referência a terreno atribuído a Lula

Informações sumiram três dias após prisão de herdeiro da empreiteira, diz órgão
Entre os beneficiários está a DAG Construtora, apontada como laranja na compra do terreno para o Instituto Lula.


Laudo da Polícia Federal divulgado nesta sexta-feira (23) indicou que houve destruição de dados em sistemas da Odebrecht. Peritos do órgão analisaram os sistemas Drousys e MyWebDay a pedido do juiz Sergio Moro. 
A destruição dos dados, segundo o laudo, ocorreu em 22 de junho de 2015, três dias após a prisão de Marcelo Odebrecht na 14ª fase da Lava Jato. Os peritos relatam que foi utilizado um comando cuja principal função é sobrescrever arquivos com dados aleatórios, destruindo o conteúdo original. 
Os peritos definem o Drousys como um sistema destinado ao armazenamento e edição de arquivos, acesso à internet e recursos de comunicação, entre outros. Já o MyWebDay era utilizado pelo setor de propinas da empreiteira no gerenciamento de dados contábeis e financeiros.
O documento foi anexado aos autos do processo em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é acusado de ter favorecido a empreiteira em troca de favores, como a compra de um terreno para o Instituto Lula.
O laudo indicou que o codinome "Beluga" foi utilizado na contabilidade paralela da empresa com a função de controlar gastos relativos ao imóvel objeto da ação penal.
Entre os beneficiários físicos do codinome está a DAG Construtora, apontada como laranja na compra do terreno para o Instituto Lula. Outro beneficiário é o empresário Glaucos da Costamarques, réu no processo e suposto laranja na compra do apartamento vizinho ao de Lula em São Bernardo do Campo (SP). O escritório de advocacia de Roberto Teixeira, amigo do ex-presidente, também teria recebido repasses.
Fala a defesa de Lula 
 A defesa de Lula solicitou que os peritos respondessem se há lançamentos que permitam relacionar os valores dos imóveis indicados na denúncia a contratos firmados entre a empresa e a Petrobras, conforme acusa o Ministério Público.
Os peritos disseram que há referência a um campo chamado "obra", que, segundo eles, pode ser interpretado como um "centro de custo". O referido campo contemplaria, além de obras de engenharia, pagamentos não relacionados, como dispêndios administrativos, valores possivelmente direcionados a campanhas políticas, pagamentos a empregados, entre outros.
No caso dos recursos destinados ao codinome "Beluga", o laudo indica que o centro de custo apontado é o "OOOO-DP-ODB". Até o fechamento da análise, os peritos não conseguiram esclarecer o significado do código. Eles afirmam, ainda, que o material não permitiu identificar a obra específica dos recursos atribuídos ao codinome, que seria referente aos gastos com o imóvel supostamente destinado ao Instituto Lula.
Sobre a autenticidade dos arquivos eletrônicos disponibilizados pela Odebrecht ao Ministério Público Federal, o laudo afirma que, dos 1.912.667 arquivos, apenas 842, ou 0,043%, apresentam não conformidade.
Conforme noticiou a Folha, Marcelo Odebrecht disse em depoimento sigiloso que pediu para seu cunhado e vice-presidente do grupo, Maurício Ferro, dar fim ao departamento de propinas.
Segundo documento do Departamento de Justiça dos EUA, país com o qual a Odebrecht fechou acordo, chaves de acesso foram apagadas na operação que acabou com o setor. Entre elas, as que permitiam o acesso ao MyWebDay.
A Polícia Federal tem encontrado dificuldades para adentrar o sistema.
OUTRO LADO
Em nota, a defesa do ex-presidente Lula afirma que a perícia não estabeleceu qualquer vínculo entre contratos da Petrobras e os imóveis citados da denúncia e que não indicou pagamentos indevidos ao petista.
O advogado de Lula, Cristiano Zanin Martins, diz que Lula nunca solicitou ou recebeu da Odebrecht suposto terreno destinado ao instituto ou o apartamento vizinho onde mora, que, segundo a defesa, era alugado por ele.
Procurada, a Odebrecht ainda não apresentou posicionamento.

Folha de S.Paulo - Ana Luiza Albuquerque e Flávio Ferreira

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