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quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

SANTA CRUZ - GRAFITE CONTINUA NO ARRUDA

Grafite e Santa Cruz chegam a um acordo e anunciam permanência por mais um ano

Atacante foi a Aldeia, onde o time faz a pré-temporada, para anunciar renovação com o Santa Cruz

Atacante acertou pagamento de atrasados e aceitou reduzir o seu salário


Santa Cruz e Grafite confirmaram oficialmente na tarde desta quarta-feira a renovação de contrato do jogador por mais um ano. Ele foi pessoalmente ao Espaço e Lazer do Real Hospital Português, em Aldeia, onde o clube realiza sua pré-temporada para, ao lado do presidente Constantino Júnior, fazer o anúncio da permanência, num ano em que o Tricolor terá, além de Pernambuco, Copa do Nordeste e Copa do Brasil, a disputa da Série C do Brasileiro.
 
"É uma satisfação estar de volta ao Santa. Havia dúvida da minha parte se eu ainda queria continuar jogando ou não e no final do ano conversei com minha família. Decidi que vou jogar mais um ano e vou me encerrar a minha carreira dentro de campo”, afirmou o atacante.
 
Embora a renovação envolvesse uma série de fatores, como pendências financeiras do Santa Cruz com Grafite, na terça-feira tudo foi resolvido e só se aguardava o anúncio oficial nesta quarta-feira. O salário do atacante foi adequado à nova realidade financeira do clube, sofrendo uma drástica redução. A informação é que ele vá ganhar em torno de R$ 22 mil. 

Na entrevista coletiva, Grafite falou sobre essas dívidas, comentou sobre os planos para 2018, falou de prazos de quando deve dar os primeiros passos trabalhando das quatro linhas, analisou o que encontrará na Série C e preferiu não pensar na última partida da carreira.

Confira como foi a entrevista:

Qual foi o peso da sua família nessa decisão?
Pesa bastante pelo fato de já estar todo estruturado aqui. Minha base aqui é em Recife. Uma troca como foi a do ano passado foi prejudicial para minhas filhas. Tive que mudar de escola, mudar de cidade. Hoje, vejo mais pelo lado familiar. Não seria bom para mim (outra mudança) até porque quando você tem problemas dentro de casa é difícil se concentrar em campo. O melhor caminho foi continuarmos aqui em Recife e aqui não teria outro lugar (que eu jogasse) que é minha casa. O Santa Cruz é um clube que eu tenho um carinho enorme, um respeito enorme, independentemente da situação do clube. Eu espero que esse ano seja bem mais produtivo dentro e fora de campo e não repetir o que aconteceu no ano passado. 

Sempre se falou que as dívidas teriam que ser abatidas para você continuar e comentou-se que você poderia receber direitos de jogadores da base para quitar esses débitos. Você confirma isso?

É uma possibilidade que o clube colocou na mesa nós. A gente sabe que a situação do clube passa por uma situação muito complicada e o ativo do clube são esses jogadores. Isso foi proposto para mim e no momento não é algo interessante para mim por estar jogando. Estou exercendo a função de jogador ainda e não seria ético eu estar empresariando algum tipo de jogador. Essa semana devo ter uma conversa com Alírio (Moraes, ex-presidente) e a gente deve chegar em um acordo. No futuro isso pode ser uma possibilidade. 

Ano passado você ajudou muito fora de campo e nesse ano será deixará isso mais de lado, como Constantino falou?

Eu quero que fique a cargo do Fred e quero me concentrar dentro de campo como foi 2016. Procurei dar esse auxílio extracampo e acabou trazendo muitos problemas. Este ano espero ter uma liderança dentro de campo ajudando o Santa Cruz. Como Constantino falou, ano passado fiquei muito focado em coisas extra campo e que me prejudicaram. Consequentemente prejudicaram o clube também. Se tivéssemos foco maior dentro de campo poderia ser melhor. Mas isso é passado. Agora é um novo contrato, um novo período e uma nova história. 

Em 2017 você começou a pré-temporada depois e acha que isso lhe prejudicou. O que vai ser diferente em 2018 e como está sua forma física?

Vinha treinando nas férias e desde que a Série B havia terminado já estava treinando três a quatro vezes por semana na academia e ainda participei de jogos beneficentes. Sei que estou atrás do ritmo da rapaziada, mas ano passado teve o agravante que teve a pré-Libertadores e cheguei (no Atlético-PR) com 12 dias de pré-temporada. O Autuori (técnico do clube paranaense) me utilizou logo no primeiro jogo. Esse ano acho que será mais tranquilo. Deve haver uma comunicação entre o departamento médico e o departamento físico e acho difícil participar desses dois primeiros jogos. Em 15 dias devo estar bem fisicamente para suportar um jogo (entre) 75 a 90 minutos. 

2018 será mesmo o seu último ano?

Falando hoje, certamente será meu último ano. Quando voltei em agosto eu já não tinha o interesse de jogar o restante do ano. Queria me preparar para voltar esse ano e encerrar bem. Assinei com o Santa Cruz e não tive êxito. Agora espero fazer uma grande temporada, ajudar o Santa Cruz e a partir de julho começar a dar andamento nessa transição que quero fazer para ajudar o Santa Cruz nos bastidores. 

Pesou na sua decisão não encerrar a carreira com o rebaixamento?

O rebaixamento é uma marca difícil nas nossas carreiras. Infelizmente, nas passagens que eu tive no Santa caiu em 2001, caiu em 2016, caiu ano passado. A gente sabe que mancha a carreira, mas independentemente disso acho que isso não iria apagar tudo o que fiz na minha carreira de profissional. Se tivesse decidido não jogar mais sairia do futebol de cabeça erguida. A gente sabe que essas situações acontecem no futebol. Não fui o primeiro e nem serei o último que caiu com um time, mas vendo no geral acho que mereço um final de carreira melhor do que foi o ano passado e procurarei fazer o meu melhor. 

Os torcedores estão divididos entre seu retorno. Alguns comemoraram, outros criticam e dizem que você está velho. Seu retorno é um modo de responder essas críticas e fazer um ano semelhante a 2016?

A crítica é normal. Ela existe Independentemente da situação. Tem torcedor que acha que eu tenho condições de atuar, quem torcedor acha que estou velho. Mas sei da minha forma física e em 2016 estava focado em jogar futebol e ajudar o Santa Cruz. Tive êxitos naquela temporada e achei que poderia repetir isso no Atlético-PR. Analisando em números e fatos 2017 foi um dia piores da minha carreira. Sei do meu potencial, sei o que posso fazer e 2018 será um grande ano para nós. Vou voltar a jogar bem, marcar gols e encerrar da melhor maneira possível.

Já traçou alguma meta em relação a números para 2018 
Não pensei em números. Só espero fazer mais do que o ano passado. A meta é essa. Acho que vou conseguir fazer já que fixa apenas quatro gols. Mas futebol é isso. Altos e baixos. Não tenho que provar nada para ninguém e vou fazer o meu trabalho dentro de campo.

Já passou para pensar no seu último jogo?
É um pouco cedo. Ainda tem 362 dias ao longo do ano. Estamos só no começo. É um ano de renovações, novas ideias, metas novas e novos horizontes. Vou pensar no Santa Cruz e readquirir a forma física. 

Você tem noção do seu tamanho em relação a Série C que você vai disputar? Do tamanho da sua responsabilidade? 

A dificuldade também é maior. Quanto mais abaixo da divisão principal do futebol brasileiro, mais difícil de se jogar. A gente sabe que a Série C é difícil e muito ruim de se jogar. Em termos técnicos, em condições de campo, em situações que vamos encarar. Mas no Santa Cruz nada é fácil e do mesmo modo que jogamos a Série A há dois anos atrás, jogamos a Série B ano passado e agora teremos que jogar a Série C. Sei da responsabilidade da cobrança que será em cima de mim, mas estou preparado para isso e para ajudar os mais jovens. Acho que não tem muito problema. Futebol é igual em todo mundo. O campo vai ser ruim e em campo será 11 contra 11.


Diario de Pernambuco

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