GIL TEOBALDO : TRIBUTO À CORAGEM
ADVOGADO GIL TEOBALDO
Morreu Gil Teobaldo, um pernambucano da zona da mata que, como poucos na contemporaneidade, soube encarnar a bravura histórica de seu povo e vivenciar heroicamente os desafios de muitos cenários sociais, políticos e profissionais.
Sempre trajado, além das alpercatas sertanejas de couro de bode, com suas vetustas vestes de linho branco como a neve que concordava com o grisalho de sua vasta cabeleira e de seus garbosos bigodes de mesmo tom, verberava pela decência pública, nada obstante a gravidade dos espaços e a autoridade de seus interlocutores.
Homem de fibra, jamais se negou a pronunciar o que sentia, doesse em quem fosse. A verdade carregada de um sentimento vivificante era a sua 'meta optata', a sua razão de viver.
E foi justamente por causa da verdade que o pranteado advogado conheceu a incompreensão e a ignomínia dos medíocres, que sofrem com a luz solar, com a transparência e com a desmistificação dos próprios malfeitos.
Com efeito, jamais conheci homem mais corajoso do que ele! Enfrentou a tudo, pelejas homéricas e jamais recuou por temor a coisa alguma e a ninguém. Bem ou mal, honrou as calças reluzentes que vestiu, pernambucanamente, ainda que por vezes exagerasse.
Além do mais, amigo da verdade e leal aos próprios companheiros, advogava no lugar de outros acovardados que, não obstante, tinham direitos, e por isso lhe pediam ajuda pessoal. Nunca se negou a enfrentamento algum, bastando que acreditasse na causa e esta fosse conforme os ditames da Justiça e da honra.
Pediu o 'impeachment' de ministros do STF, sobre decisão em causa própria que diversos deles adotaram para se recusar ao cumprimento de determinação do legislador constituinte quanto à ressabatina no Senado Federal a que teriam de se submeter para permanecerem por mais um lustro na atividade jurisdicional, nos termos da Emenda Constitucional nº 88/2015 (Lei da Bengala).
Por outro lado, os que o detestavam, honravam-no, todavia, porque tinham parte com a algum sentimento mais raso que divergia de sua postura de combatente no exercício da advocacia criminal, em particular. Mesmo aqueles que apontam uma suposta obscuridade de sua parte quando da defesa implacável de um filho que acabou envolvido em violência doméstica e que muito custou ao saudoso criminalista, temos de reconhecer, honestamente, que no episódio não era o advogado que militava, mas o pai em desespero. Sobre isto, só Deus julga!
As virtudes singulares desse homem destemido é que devem ser sobretudo exaltadas como legado para as novas gerações.
A propósito, certa feita no passado tive a oportunidade de liberá-lo de uma cadeia injusta baseada em condenação por crime contra a honra já prescrito. Vi coisas terríveis acontecerem no seu processo que mais pareciam ação voluntarística do que a manifestação legítima do Estado. Observei horrores no expediente processual ao qual respondeu para muito além de sua suposta falta. A Justiça, afinal, lhe foi assegurada, mas não sem o custo de muito sofrimento.
Lutou por valores nobres, outro lugar comum de sua existência. Cometeu alguns excessos, todos, porém, amparados de enorme indignação cívica contra toda forma de desonestidade material, moral e intelectual.
Sentirei saudades, mas lembrarei sempre do exemplo de coragem e brasilidade regionalista com que sempre se comportou, e o fizera exemplarmente. Era também um homem muito leal às amizades que construiu em sua caminhda.
Gil Teobaldo não é um nome para ser esquecido. Alguém como ele ainda está para nascer. Pernambuco tem de olhar para o seu próprio passado a fim de reencontrar as condições morais para prorromper num amanhã de mais felicidade e menos sofrimento para todos. Era o seu desejo e o de todos os homens e mulheres de bem deste Estado.*
ROBERTO WANDERLEY NOGUEIRA
Doutor em Direito, professor da FDR/UFPe e do CCJ/PPGD/Unicap, é Juiz Federal em Recife.
Doutor em Direito, professor da FDR/UFPe e do CCJ/PPGD/Unicap, é Juiz Federal em Recife.
Essa homenagem é para o pai do assassino da ex-esposa e que tentou matar os filhos, sobre o qual ele disse, como advogado e jurista, que o filho fez muito bem em faze-lo?
ResponderExcluirLutou por valores nobres? isso é piada!
ResponderExcluirMesmo que na defesa de um filho, mas defender um assassino, e ignorar a dor que foi causada aos netos, se isso são valores nobres não quero nem pensar quais são os valores de um canalha mau caráter.
Este ser deveria ser esquecido no limbo e não homenageado!
Um Juiz Federal homenagear um "coronér", que defendeu a atitude do filho covarde assassino...só nesse país mesmo, coisa triste
ResponderExcluirVamos homenagear aquele que disse que o filho fez certo em matar a mulher e tentar matar os netos! ROBERTO, APAGA ESSA VERGONHA !!
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