MPPE vê indícios de fraude em São Lourenço
Deflagrada na manhã de ontem, a Operação Tupinambá, que culminou no afastamento do prefeito Bruno Pereira (PTB) – de São Lourenço da Mata, na Região Metropolitana do Recife –, e dos secretários de saúde e finanças e quatro servidores dos cargos por tempo indeterminado, foi detalhada hoje, em coletiva de imprensa na sede da Polícia Civil.
Dentre as diversas denúncias apuradas pela operação conjunta do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), Tribunal de Contas (TCE) e Polícia Civil, chamou a atenção dos órgãos o caso de inconsistências no auxílio de um rapaz que passava por tratamento de saúde no Recife.
No Portal da Transparência, o homem, com problemas renais, recebia um auxílio de R$ 160 mil. No entanto, o MPPE descobriu que, na realidade, ele recebia mensalmente o valor de R$ 150 para o custeio do tratamento na Capital.
A investigação traz indícios de envolvimento do prefeito Bruno Pereira, dos secretários Breno Celson Nogueira da Silva e Jucineide Pereira de Melo, além dos membros da Comissão Permanente de Licitação José Carlos de Araújo, Roseane Ramos Gonçalves Andrade e Severina Josefa Paulo da Silva Ramos. Também foram citados os empresários Nelton Uchoa Simões, Severino Ramos da Silva, Luciana Maria da Silva, da Esfera Construções LTDA ME., e também Carolina Azevedo da Costa e Eugênio Azevedo da Costa.
De acordo com a promotoria, as denúncias começaram em março e abril deste ano e foram o pontapé inicial para todo o processo. As principais denúncias recebidas pelo Ministério Público, a princípio, foram de licitações fraudulentas e empresas laranjas, inclusive em nome de doadores de campanha.
A Polícia Civil foi convocada a participar das investigações por conta das reiteradas negativas de informação por parte da Prefeitura de São Lourenço da Mata ao Ministério Público e ao TCE. Segundo a delegada Patrícia Domingues, da Delegacia contra Crimes de Administração e Patrimônio Público, diante da denúncia de que haviam sido destruídos os documentos, foi solicitada a busca nas sedes e casas dos empresários.
No Tribunal de Contas, o principal problema diagnosticado foi com relação a alimentação do Portal da Transparência, onde, segundo informações repassadas na coletiva, consta que os índices não correspondem a apurações prévias, realizadas antes do início das investigações.
O ponto de partida da auditoria do TCE foi verificar os valores da Festa do Padroeiro. Uma Medida Cautelar, expedida pelo órgão, sugeriu o cancelamento dos festejos, orçados em R$ 4 milhões. Entre as atrações que estavam listadas para se apresentar, o cantor Wesley Safadão. Após a Segunda Câmara do Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco referendar a medida que suspendia as contratações para a "Festa de Agosto", o gestor petebista decidiu cumprir a determinação do órgão e não realizar os festejos em homenagem ao padroeiro da cidade.
As secretarias e órgãos envolvidos no esquema fraudulento foram a de Finanças, Saúde, Assistência Social, Educação e a sede da Prefeitura. De acordo com Patrícia Domingues, os agentes que foram para a Prefeitura não encontraram nenhum documento licitatório de 2017. Segundo a delegada, os responsáveis por essa obstrução podem ser presos, uma vez que é considerado crime grave.
Outro exemplo apontado pelos órgãos foi a concessão de auxílio-moradia no valor de R$ 2,4 mil a pessoas que nunca receberam a quantia.
De acordo com informações da coletiva, em relação aos R$ 23 mil encontrados na casa do prefeito, os investigados alegaram tratar-se de proventos oriundos de salário e economias.
Blog da Folha
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