GIF Patrocinador

GIF Patrocinador

sábado, 26 de agosto de 2017

SANTA CRUZ - SOFRIMENTO NO ARRUDA

Funcionários do Santa Cruz sofrem com salários atrasados

                       Funcionários estão cansados das promessas do presidente Alírio Moraes                                 Foto: Santa Cruz/Divulgação

Profissionais que trabalham no Tricolor passam dificuldades por conta da crise financeira que assola o clube

Há um certo conflito psicológico entre alguns dos funcionários do Santa Cruz. Difícil encontrar um que não seja Tricolor. Soa até como insulto fazer tal pergunta, mesmo que ela não pareça tão absurda, em um primeiro momento. Daí, inclusive, percebe-se que existe um amor - o mesmo que você, torcedor, sente pelo seu time. Por outro lado, no entanto, é justamente o clube de cada um desses trabalhadores que tem gerado uma dor de cabeça familiar. Como se portar quando não é possível colocar o pão dentro de casa? Este questionamento não é ridículo ao saber que seis meses de salários de 2016 estão em aberto, além do 13º e férias. Este ano, são mais três meses, completados no último dia 15 de agosto (dia oficial de pagamentos no clube). Além disso, não existe previsão.

“Eu trabalho aqui por amor. Só o amor explica tudo que estamos passando até agora. Estamos cansados de promessas. Isso... quando elas acontecem. Porque na maioria das vezes, nem isso recebemos”, disse um funcionário coral. De imediato, pediremos desculpas ao leitor. Na última semana, a reportagem da Folha de Pernambuco conversou com quatro trabalhadores do clube. Apesar de insatisfeitos com a situação relacionada aos atrasos salariais, existe um receio em perder o emprego. Há também um temor em prejudicar o próprio Santa Cruz, motivado pelo amor, já citado anteriormente. Por conta disso, apesar de resistentes em falar, um pedido foi feito: “Não podemos ser identificados de forma alguma”. E não serão!

Mas ainda existe uma pergunta em aberto: Como trabalhar, não receber pelos seus esforços, e ainda sobreviver? “Um ‘bico’ aqui, outro ali, sempre ajuda a comprarmos o básico. Nossa situação também passa no jornal, e alguns donos de mercadinhos, de lá onde eu moro, sabem das dificuldades que enfrentamos. Aí consigo ‘pendurar’ algumas coisas. Não sei até quando eles vão aceitar isso”, falou um funcionário. “É complicado chegar em casa e escutar da minha mulher: ‘tem alguma previsão lá no Santa Cruz?’ E eu sempre responder que ‘não’. Abro a geladeira, e não tem nada. Bebo água para enganar a fome e poder economizar. Ninguém entende porque eu não largo isso aqui. Acho que sou muito otário mesmo”, contou outro trabalhador.

E imaginar que tempos atrás o discurso era até de orgulho. “Eu conheço muito torcedor do Santa Cruz. Às vezes me sinto até repórter, feito você (risos). Porque sempre chegam para me perguntar de contratações... o time que jogará alguma partida... este tipo de coisa. Quando eu sei, sempre falo. Perguntam também como é trabalhar com Grafite, que é um ídolo para todos nós. Sempre querem saber os detalhes das coisas aqui. Quem não é curioso sobre o time, né?”, contou um funcionário. “Se eu recebesse em dia, diria que era o melhor trabalho do mundo. Todo mundo sempre quer trabalhar com o que gosta. Eu tenho essa chance, mas a falta de dinheiro complica muito o dia a dia. Sou feliz aqui dentro. Mas quando chego em casa, a realidade é bem diferente”, completou.

No ano passado, a folha salarial do departamento administrativo girou em torno de R$ 175 mil. Dos outros trabalhadores ligados ao futebol, R$ 337 mil. Os números deste ano não são divulgados pelo Santa Cruz. Assim como a quantidade de funcionários que estão na folha de pagamento do clube. Vale lembrar que o Tricolor foi o primeiro clube do futebol nacional a ser punido pelo “fair play trabalhista”, implantado pela CBF no Campeonato Brasileiro a partir da edição de 2015. Os corais perderam três pontos na classificação final da Série A de 2016 e ainda sofreram uma multa de R$ 30 mil devido aos salários atrasados durante a competição (quatro meses aos atletas). Este ano, os atletas estão sem receber os meses de junho e julho.


Folhape

Nenhum comentário:

Postar um comentário