NÁUTICO - A APOSTA DO NÁUTICO

Passagens no Santos e Cruzeiro, cobranças e Náutico: o caminho de Erick no futebol

Erick já fez 35 partidas, marcou oito gols e é a grande aposta do Náutico nesta temporada

Joia carrega responsabilidade em um dos momentos mais difíceis do clube

O primeiro gol de Erick na Série B foi de bicicleta. Um belo gol, mas que não deixou o atacante feliz. Apontado desde o início do ano como um dos atletas mais promissores das divisões de base do Náutico, esperava aproveitar o Campeonato Brasileiro, o primeiro da sua carreira, para confirmar a expectativa depositada nele. Ofuscado pela fase do time, convive com a responsabilidade de ser uma das principais peças do elenco timbu na busca pelo milagre da permanência. Um peso desproporcional para os seus 19 anos. 

Erick é moleque criado no bairro do Jardim Jordão, em Jaboatão dos Guararapes. Menino que jogou bola descalço na rua. Que chamou a atenção nas peladas de rua desde muito jovem. Aos 13 anos, jogava bola no Campo do Flamengo. Passou a integrar a escolinha do Bilu. Muito franzino desde sempre, dava trabalho pela habilidade e velocidade. Avistado por olheiros, foi convidado a jogar pelo Prazerense, no bairro de Prazeres. Lá, participou de um peneirão para defender o Santos. E passou. Estava surgindo ali aquele que, há exatos seis meses, passou a ser visto como um dos raros motivos para o torcedor do Náutico se orgulhar na temporada.

Da estreia como profissional contra o Uniclinic, pela Copa do Nordeste, no dia 24 de janeiro, até o jogo contra o Criciúma, no último sábado, Erick já fez 35 partidas, marcou oito gols, fez boas e más partidas e passou por uma infinidade de mudanças na vida. Afinal, há até pouco tempo atrás, era um completo desconhecido da torcida alvirrubra. Nesse período, ganhou fama, carro novo, foi até pai - dedicou o gol contra Criciúma para o seu filha. 

Passou a ser assediado por muitos, muitos clubes Brasil e mundo afora. “Se eu disser que não teve proposta, vou estar mentindo. Isso mexe um pouco com a cabeça, mas hoje estou muito focado no Náutico”, revelou. A multa para tirar a joia alvirrubra é estimada em R$ 12 milhões.

Sobrecarga

Após despontar com tudo no início do ano, sendo por algumas semanas, inclusive, o artilheiro do clube em 2017, Erick ganhou uma sobrecarga para um atleta em início de carreira. “Quando subi (para o profissional) não tinha tanta cobrança assim. A gente tinha mais jogadores rodados no time e depois eles saíram. Senti a responsabilidade cair mais em cima de mim. Mas estamos fechando o grupo para tirar o Náutico situação”, disse o atacante, um dos poucos remanescentes em meio à grande reformulação pela qual passou o time após o Estadual.

Passagens pelo Santos e Cruzeiro

Erick acredita que ganhou boa parte da base que tem como atleta profissional por conta do ano que passou treinando no CT do Santos. No Peixe, conheceu Neymar e o Rei Pelé. “Tem coisas que a gente não esquece nunca”, contou. As boas e as ruins. Afinal, o ano de 2013 não foi fácil para o atacante. 

“O começo foi difícil. Minha mãe foi morar comigo, a gente não tinha onde ficar direito... Tinha uma amiga dela morava em Cubatão. Durante com um mês fiz um percurso de umas três horas todo dia. Acordava 5h da manhã. Essa época até parei de estudar. Mas depois que me estabeleci, fui morar numa casa lá perto da Vila (Belmiro) e deu para treinar e estudar bem”, contou.  

Após uma temporada pelo Santos, aos 14 anos, Erick foi dispensado do clube. Era o caminho para começar a história pelo Timbu. “Houve uma troca de diretoria e mandaram um monte de gente embora. Fui no bolo. Foi aí que vim para o Náutico em 2014. Fiquei no clube e em 2015 fui emprestou para ir para a base do Cruzeiro”, lembra.

Naquela temporada, Erick voltou a ter um bom ano com a camisa da Raposa. “Fui campeão mineiro sub-20 com os caras lá. Foi importante”, disse. “Mas acho que aprendi mais no Santos. Esse estilo de jogo que tenho hoje, de ir para cima... Os caras sempre incentivaram. É uma característica deles”, recorda.

Diario de Pernambuco