MP PROCESSA CUNHA E FUNARO POR PREJUÍZO A FUNDO DE PREVIDÊNCIA DA CEDAE
EX-DEPUTADO E DOLEIRO, ALÉM DE OUTRAS DEZ PESSOAS, TERIAM LUCRADO MAIS DE R$ 21 MILHÕES EM ESQUEMA DE FRAUDES (FOTO: REPRODUÇÃO)
ESQUEMA TERIA GERADO PERDAS DE R$ 39 MILHÕES AOS FUNDOS DE APOSENTADORIA
A Cedae é a companhia estatal de tratamento água e esgoto do Rio. Em 19 de julho, a União autorizou sua venda para o BNDES. A hipótese em discussão pelo governo é de que a empresa seria adquirida pela instituição de fomento, reorganizada e então privatizada. Os valores da operação não estão definidos, mas o governo fluminense espera arrecadar mais do que os R$ 3,5 bilhões que seriam recebidos em antecipação de parte da venda via empréstimo com bancos públicos.
De acordo com o MP, o esquema, que também envolveria diretores da Prece, gerou perdas de R$ 39 milhões aos fundos exclusivos da previdência dos funcionários. Também houve prejuízos de R$ 2 milhões à carteira própria do próprio fundo. As informações estariam no inquérito administrativo instaurado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Os 12 acusados vão responder por improbidade administrativa. A ação foi ajuizada pela 3ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Defesa da Cidadania da Capital, na última nesta terça-feira 25. Só foi divulgada nesta quinta-feira, 27, pelo MP.
Segundo o MPE, a caixa de previdência da Cedae era usada como uma espécie de “seguro” para as aplicações.
“Os rendimentos financeiros dos negócios que geravam lucro eram divididos entre o grupo de 12 pessoas, incluindo diretores da Prece, além de Eduardo Cunha e Lúcio Bolonha Funaro, apontado como operador de Cunha em esquemas de corrupção. Quando os investimentos geravam prejuízo, eram atribuídos exclusivamente à Prece, que ficava com as perdas. O esquema funcionou entre novembro de 2003 e março de 2006”, informou o MP.
Pelas investigações da promotoria, a Prece era cotista em diversos fundos exclusivos, que eram usados nas fraudes.
“A empresa usava o dinheiro da previdência da Cedae e dos 12 acusados, indistintamente, para investimento em ações. Ao fim de cada dia, quando já era possível identificar quais operações gerariam lucro ou prejuízo, os gestores atribuíam a titularidade dos melhores investimentos aos réus. Os piores eram imputados apenas à Prece. Assim, o grupo tinha sempre ganhos na bolsa. Apenas Eduardo Cunha teve lucro de R$ 917,3 mil, segundo a ação”, divulgou o MP.
A promotoria pediu o sequestro dos bens dos acusados, no valor de R$ 21,8 milhões. A quantia seria o valor do lucro obtido pelos envolvidos no esquema, de acordo com o documento encaminhado à Justiça. O MP demanda ainda a condenação dos réus nas sanções do artigo 12 da Lei de Improbidade Administrativa. Ele prevê a perda dos bens obtidos por ação ilícita.
(AE)
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