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domingo, 2 de abril de 2017

PRESO DESDE 2015

EM CARTA, DIRCEU CONTA ROTINA NO XILINDRÓ: ‘VIDA PRODUTIVA E CRIATIVA’
“FORA A REMISSÃO, O TRABALHO, A LEITURA, O ESTUDO E A ESCRITA TRANSFORMAM A PRISÃO EM VIDA PRODUTIVA E CRIATIVA", DISSE (FOTO: ED FERREIRA)

EM CARTA A AMIGOS, JOSÉ DIRCEU RELATA ROTINA NO XILINDRÓ

Preso na Operação Lava Jato desde agosto de 2015, o ex-ministro José Dirceu relatou em longa carta sua rotina no Complexo Médico-Penal, em Pinhais, na Grande Curitiba. Na missiva enviada a amigos, o petista conta a rotina na cadeia, a importância da disciplina, e chega a uma conclusão: diz que “preso primeiro chora, depois chama a mãe e seus santos, e faz remissão direito do condenado de abreviar a pena mediante trabalho, estudo e leitura”.
“Fora a remissão, o trabalho, a leitura, o estudo e a escrita transformam a prisão em vida produtiva e criativa, além de passar o tempo de maneira útil e agradável”, afirma o ex-ministro, que elogia o acervo da biblioteca do presídio: “Em geral, literatura brasileira e mundial, autoajuda, espiritismo, cristianismo, catolicismo, correntes evangélicas. Nossos clássicos – e outros atuais – estão à disposição”.
Dirceu fala desde de como se ver refletido com a proibição de espelhos – “é preciso usar um prato grande e limpo” – e o quanto a prisão favorece o cuidado com a saúde. “Bebida, cigarro, gordura, ou é proibido ou não existe simplesmente (…) O preso deve fazer exercícios todos os dias. No meu caso, 71 anos, é light. O importante é manter os músculos lombares fortes.”
Na parte final da carta, o ex-ministro faz críticas à execução penal no Brasil e à “falta de trabalho, de colônias agrícolas e industriais, e de escolas”.
“O mais grave é a incapacidade do Judiciário-MPF e dos juízes frente a um quadro de injustiça e ilegalidade único – 40% dos presos são provisórios, não julgados. A tudo isso, soma-se a superlotação e degradação dos presídios. Fora a corrupção ou mesmo o controle dos presídios pelo crime organizado”, escreve.
Dirceu foi condenado duas vezes na Lava Jato, pelo juiz federal Sérgio Moro: a 20 anos e 10 meses de prisão em um processo e a 11 anos e três meses de prisão em outro. 

(AE)

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