Chega de intermediários
No país da Lava Jato, quem se atreverá?
A grande novidade dessas eleições - noves fora quem foi eleito e preso em seguida - é conhecida apenas em Manacapuru, a "Princesinha do Solimões", a uns 80 km de Manaus, capital do Amazonas. Francisca Ferreira da Silva, 32 anos, tomou posse neste domingo como vereadora - a quarta parlamentar mais votada da cidade, a vereadora líder de votos, com 1.722. Contribuições para a campanha, só de pessoa física: taxistas, mototaxistas, pequenos comerciantes. Marqueteiro, nem pensar. Pensa no futuro da população mais pobre de Manacaparu:
"Estou grata pelo apoio que recebi dos amigos e parentes", diz. "Vou cobrar o prefeito e vou lutar para que Manacaparu tenha uma clínica de hemodiálise".
Francisca Ferreira da Silva não concluiu o Fundamental, tem três filhos e é a primogênita de Manoel Nonato Oliveira da Silva e Alcina Lomas da Silva, ambos aposentados. Muito popular no porto, onde trabalha, foi escolhida pelos prestadores de serviços da área para representá-los, diante das sucessivas frustrações com seus eleitos. Têm certeza de que ela é imune à corrupção. Ela corresponde: até que receba os R$ 7.800,00 de salário, trabalha como feirante, feliz com a perspectiva de ajudar seus eleitores.
Ah, ninguém a conhece pelo nome, mas pelo apelido, Coroca, que usou como prostituta. Defende-a seu pai: "Jesus diz que quem não tiver pecado que atire a primeira pedra".
No país da Lava Jato, quem se atreverá?
Carlos Brickmann
Nenhum comentário:
Postar um comentário