Renan de olho na Chesf
De volta ao Nordeste, onde anuncia, hoje, em Maceió, novas medidas de combate à seca, o presidente Michel Temer (PMDB) não mexeu em quase nada na estrutura administrativa de instituições importantes na Região. A Chesf, que já foi tão poderosa e hoje está falida, com déficit de mais de R$ 500 milhões, continua gerida pelo engenheiro pernambucano José Carlos de Miranda Farias, nomeado pela ex-presidente Dilma.
Ex-diretor da Empresa de Planejamento Energético (EPE), Miranda não pode ser classificado de um petista de carteirinha, porque é servidor dos quadros da empresa, tendo iniciado a sua carreira na Chesf em 1976, ocupando vários cargos gerenciais, incluindo a Superintendência de Planejamento da Expansão e a Superintendência de Comercialização de Energia. No Governo Lula, quando a presidente Dilma Rousseff (PT) ainda era ministra de Minas e Energia, criou um grupo com representantes das empresas do Sistema Eletrobrás.
Nele, Miranda representava a Chesf. Esse grupo teve uma atuação importante na criação da Medida Provisória 10.144 de 2003, que depois se transformou na Lei Federal nº 10.848 de 2004, que criou novas regras para a comercialização de energia no País, tirou as estatais de energia do plano de privatização do governo federal e criou a EPE para ser o órgão da União com atribuição de planejar o setor elétrico.
Até a chegada de Miranda ao comando da Chesf, a presidência era uma indicação do partido do ex-governador Eduardo Campos, o PSB. Como em 2014, Eduardo deixou a base aliada do Governo, a presidência foi ocupada pelo engenheiro Antonio Varejão, numa indicação do Partido Progressista (PP). Tanto Varejão como Miranda são funcionários de carreira da Chesf. O que corre em Brasília é que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), quer, a todo custo, emplacar o novo presidente.
Não se sabe se Temer irá ceder às pressões, mas o fato é que, a esta altura, não existe a menor possibilidade de o PSB voltar a dar as cartas na estatal, até porque a cúpula do partido está distanciada do Governo e, recentemente, o governador Paulo Câmara, falando na condição de vice-presidente nacional da legenda, pregou o rompimento, aderindo às teses conspiratórias do PT.
Sendo assim, se não vier a optar por um engenheiro do quadro, Temer acabará entregando o comando da empresa ao PMDB de Alagoas. Não sei se será um bom negócio para Renan. Recentemente, a Chesf foi condenada a pagar R$ 7,6 bilhões a uma empreiteira quebrada, a Mendes Júnior. É a mais cara sentença brasileira.
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