Mendonça: Reforma do ensino não agrava desigualdade
O ministro da Educação, Mendonça Filho, contestou, hoje, durante conversa com o G1 e a TV Globo, críticas de antecessores de que a medida provisória da reforma do ensino médio pode agravar a desigualdade educacional no país.
Em reportagem publicada nesta terça pelo G1, os ex-ministros Aloizio Mercadante, Renato Janine Ribeiro e Henrique Paim criticaram o modelo da reforma, que não exige que os estados ofereçam os mesmos padrões de oportunidades para os alunos durante todo o ensino médio. Para os ex-ministros, alunos de estados mais ricos serão beneficiados por uma melhor infraestrutura, como laboratórios de química e física, em detrimento de alunos cujos estados não têm as mesmas condições de investimento.
Mendonça Filho argumentou que a reforma não agravará a desigualdade porque cada estado tem autonomia para definir as disciplinas ofertadas – de acordo com o previsto na medida provisória – e porque, segundo o ministro, a qualidade do ensino médio está crescendo nos estados mais pobres.
Além disso, afirmou Mendonça Filho, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), o documento que baseará a construção dos currículos escolares, garante uma unidade mínima no conteúdo.
“Não considero esse risco [de agravamento da desigualdade], até porque português e matemática serão exigidos nos três anos, e a base nacional curricular deve ser seguida por todos os estados. Evidentemente que essa complementação da oferta da grade curricular [as disciplinas optativas], ela terá tudo a ver com o itinerário que o jovem quer seguir”, afirmou.
"Não considero esse risco [de agravamento da desigualdade], até porque português e matemática serão exigidos nos três anos, e a base nacional curricular deve ser seguida por todos os estados."
Autonomia na organização
A secretária-executiva do MEC, Maria Helena Guimarães de Castro, avaliou que os estados deverão organizar as ofertas de disciplinas optativas de acordo com suas possibilidades e características. “Eles têm autonomia na organização do sistema de ensino”, disse.
Em termos técnicos, o ensino integral corresponde a uma média de sete horas diárias de aula. Segundo a secretária-executiva, todas as escolas de ensino médio de São Paulo têm jornada diária de 5 horas e 20 minutos; em Minas Gerais, de 5 horas; em Pernambuco, 45% das escolas têm 7 horas por dia e o restante, 4 horas.
Dados oficiais do Censo Escolar mostram que Pernambuco era, em 2015, o estado com a maior porcentagem das matrículas de estudantes do ensino médio em tempo integral (38,9% das matrículas). “A partir desse referencial da flexibilização, os estados deverão organizar sua oferta com muito planejamento”, afirmou Maria Helena de Castro.
Mendonça Filho admitiu que o texto da medida provisória terá de ser aperfeiçoado no Congresso por meio de emendas. “Esse é o princípio. O debate está estabelecido. Os resultados [da educação] até aqui são muito ruins e exigem uma mobilização não só dos governos como também da população”.
Programas
Nesta quarta-feira (28) o MEC anunciará a liberação de R$ 300 milhões para o programa Mais Educação e de R$ 400 milhões para o Programa Ensino Médio Inovador (ProEMI). Esses recursos já estavam previstos no orçamento da pasta para 2016.
Com os recursos, o ministério pretende priorizar atividades de reforço de português e matemática fora do horário de aula do aluno.
Segundo Mendonça Filho, a aplicação dos recursos desses programas será fiscalizada por comitês estaduais de acompanhamento, a serem criados.
"Nosso lema é gastar com qualidade. Até então, eram recursos liberados sem cumprir a programação estabelecida, de forma atrasada e sem monitoramento do governo federal”, disse o ministro
Do G1
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