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quarta-feira, 29 de junho de 2016

OPERAÇÃO LAVA JATO - PROPINA DETALHADA

DELATOR DETALHA PROPINA EM CONTRATO INDICADO POR LULA NA VENEZUELA
POR MEIO DE SUA ASSESSORIA, O EX-PRESIDENTE NEGOU TER INTERMEDIADO O NEGÓCIO (FOTO: RICARDO STUCKERT)

NEGÓCIO ENVOLVIA A PARTICIPAÇÃO NA OBRA DE UMA SIDERÚRGICA, NO VALOR DE US$ 1,8 BILHÃO

O ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto pediu propina de 1% em contrato da Petrobras na Venezuela, com financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A informação consta na delação do ex-presidente da Andrade Gutierrez Otávio Marques Azevedo.
O negócio envolvia a participação na obra de uma siderúrgica, no valor de US$ 1,8 bilhão. Segundo o delator, a empresa venceu concorrência internacional, após a indicação do ex-presidente Lula, em 2008, para o então presidente venezuelano, Hugo Chávez (que morreu em 2013).
“Tem conhecimento que Lula foi acionado para ajudar a Andrade Gutierrez na Venezuela, no governo Hugo Chávez, quando Lula ainda era presidente, para uma concorrência internacional”, afirmou Azevedo, em depoimento prestado no dia 25 de fevereiro para a Procuradoria da República. O documento foi obtido pelo Estadão. Nele, o ex-presidente e executivos da empreiteira, que fecharam acordo de delação premiada, confessam corrupção na Petrobrás, nas obras das usinas Belo Monte (hidrelétrica) e Angra 3 (termonuclear), em estádios da Copa e outros projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), entre outros negócios.
“Lula não pediu nada em contrapartida para isso, mas disse que só indicaria a Andrade Gutierrez se não houvesse outra empresa brasileira”, explicou o ex-presidente. Ele foi preso pela Lava Jato em junho de 2015, junto com o presidente afastado da Odebrecht Marcelo Bahia Odebrecht – alvos da fase Erga Omnes (vale para todos). “Como não havia outra empresa nacional, o presidente Lula indicou e a Andrade Gutierrez foi contratada.”
O ex-presidente da Andrade Gutierrez disse que havia uma disputa com a Itália na concorrência internacional, de 2008. Na delação, obtida pelo jornal O Estado de São Paulo, ele explica que “na Venezuela a contratação de empresas não é realizada por processo licitatório, mas por escolha”.
Lula, por meio de assessoria de imprensa do Instituto Lula refuta as “ilações contra o ex-presidente que sempre agiu dentro da lei, antes durante e depois dos seus dois mandatos”.

Claudio Humberto

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