Campeonato Pernambucano é alvo de críticas do presidente do Sport: "Por mim já teria acabado"
Presidente defendeu uma ampliação da Copa do Nordeste em detrimento dos campeonatos estaduais
Em conversa com jornalistas, João Humberto Martorelli também falou, entre outros assuntos, da meta de buscar uma vaga na Libertadores em 2017
Na segunda parte da entrevista cedida pelo presidente do Sport, João Humberto Martorelli, aos jornalistas em um almoço nesta terça-feira, o mandatário rubro-negro fala sobre os objetivos do clube para a temporada. Tendo como meta a vaga na Libertadores de 2017, o cartola comentou sobre contratações e a saúde financeira da instituição, além da nova meta de sócios (50 mil até o final do ano), do combate às torcidas organizadas e das dificuldades no aumento do número de torcedores em jogos na Ilha do Retiro. Outro tema abordado pelo dirigente foi o Campeonato Pernambucano. Crítico do Estadual, Martorelli foi taxativo: "por mim já teriam acabado", disse. O mandatário ainda ameaçou, no futuro, disputar a competição apenas com atletas da categorias de base.
Contratações
Nós vamos fazer contratações se houver necessidade. Hoje a comissão técnica e o departamento de futebol estão analisando o elenco que nós temos. E nós vamos ver se é necessário ou não. Nossa prioridade o Brasileiro da Série A. O nosso objetivo é tentar uma vaga na Libertadores. Esse objetivo está claro na nossa cabeça.
Receitas
O Sport, sempre que esteve em dificuldade, encontrou uma coisa que os outros clubes não têm, que é crédito. A gente nunca deixou de pagar a nossa folha em dia. Nem os compromissos fiscais e trabalhistas. As contas estão em ordem. Estamos com todas as certidões negativas e pagando o Refis. Temos o patrocinio da Caixa renovado até dezembro pelo mesmo valor do ano passado (R$ 6 milhões).
Avaliação do Pernambucano
A tendência são os estaduais acabarem. Por mim, eles já teriam acabado. São deficitários e comprometem os investimentos que os clubes grandes fazem em atletas. Conversei com Evandro (Carvalho, presidente da Federação Pernambucana de Futebol) na quinta passada e acho que ele praticamente se convenceu. Mas ele tem um problema político, porque tem os clubes pequenos. Eu sugeri que a gente trouxesse o presidente da Liga do Nordeste (Alexi Portela) para tentar estabelecer uma ampliação da Copa do Nordeste, com primeira e segunda divisão, e se tentasse fazer um campeonato do interior para contemplar os clubes que ficarem de fora. Nesse modelo atual (do Estadual), o que vai acontecer, e que a gente ainda não conseguiu fazer, é jogar o Estadual com uma equipe juvenil ou sub-20. Isso está no nosso planejamento e acho que a tendência é essa.
Sócios
Saímos de uma base de oito mil sócios adimplentes, no início do ano passado, para 28 mil sócios a partir da nova campanha de sócios, que começou em junho. E essa evolução não foi de sócios torcedores, que na realidade não são sócios. Esses apenas compram um programa para ter benefício no ingresso, mas não votam nem têm direitos estatutários. Não foi esse sócio que cresceu. O número que cresceu foi de sócios mesmo, de sócios contribuintes. Vamos deflagrar uma nova campanha de sócios esse ano com o objetivo de, ao final do ano, atingirmos 50 mil sócios. E estamos analisando como atribuir mais benefícios a esses sócios. Estamos em fase de estudo para identificar as necessidades de cada categoria. Subir o preço dos ingressos é uma política para atrair sócios, porque quando isso acontece, você força a pessoa a entrar no quadro de sócios para ter o ingresso mais barato.
Aumento de público nos estádios
Minha preocupação dentro do sentido dos planos de sócios é para que possamos repor a quantidade de público que perdemos com o Todos com a Nota. Mas ao mesmo tempo queremos ter a segurança que não teremos os meliantes da Torcida Jovem. No ano passado fizemos a campanha do ingressos do bem, que custava R$ 10 e a doação de um quilo de alimentos, e só deu Torcida Jovem. Mas estamos trabalhando exatamente nesse sentido. Talvez um plano de sócios com um valor bastante acessível. Esse público de fato se afastou e, se a gente não encontrar um mecanismo sustentável para poder financiar esse ingresso, não vamos poder agregar esse público. Porque futebol se faz com dinheiro. Para abrir a Ilha do Retiro tenho que ter operador, bilheteria e funcionários. Queremos baratear um setor do estádio para favorecer aqueles torcedores que não têm condições de pagar um preço maior ou de ser sócio. Mas isso tem que casar com a nossa política contra a violência.
Combate às organizadas
Intesificamos e, se precisar, vamos intensificar ainda mais a nossa política contra as torcidas organizadas. Já disse e repito que essas torcidas são um câncer para o futebol de pernambucano e nacional. Temos infiltrados nessas torcidas delinquentes e bandidos que nada tem a ver com o futebol e não possuem nenhuma paixão pelo clube. Isso tem afastado os torcedores de bem dos estádios. O Sport tem compromisso e vai continuar lutando contra as torcidas organizadas. Nós já tomamos a iniciativa de requerer ao Ministério Público para oficializar a todos os estados da federação que a Torcida Jovem está proibida de entrar nos estádios aqui e estender essa ordem para demais estados. Fizemos isso desde outubro, quando fomos punidos por uma briga em Curitiba porque não avisamos que a Torcida Jovem poderia estar no estádio e fazer bagunça. Desde aquele dia em diante, em todos os jogos do Sport fora, informamos ao delegado do jogo a presença deles. Em alguns casos, como aconteceu no Morumbi, a polícia retirou a faixa.
Reeleição
Só em outubro começa a temporada de eleição no Sport. Até lá é prematururo falar qualquer coisa.
Esportes amadores
Em 2015, o Sport conseguiu ser um clube superavitário apesar do grande problema que tivemos com os esportes amadores. No âmbito dos esportes olímpicos e amadores nós tivemos um grande déficit. Esse departamento gastou seis vezes mais do que arrecadou. No final do ano reunimos todos os interessados nos esportes amadores para criar um orçamento para 2016 e principalmente a filosofia de que os esportes amadores têm que ser superavitários. Eles precisam pelo menos pagar sua própria conta. E isso já está em implantação. Contratamos um gerente de esportes amadores para fazer uma gestão financeira e administrativa. Não dá para fazer esportes amadores sem recursos e esses recursos não podem sair do futebol ou de outras fontes do clube. Cada unidade do clube tem que ser superavitária. Ela própria tem que gerar recursos. Para isso nós disponibilizamos toda a estrutura do clube. O esporte que não conseguir isso vai receber outro tratamento ou até encerrar suas atividades para que o clube não tenha um departamento que gere prejuízo. Claro que existem algumas modalidades tradicionais e que terão tratamento especial e adequado. Já estamos junto ao Ministério dos Esportes para tentar conseguir recursos junto à lei de incentivo ao esporte.
Diario de Pernambuco
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