Na cadeia, Cerveró sai da depressão para a arrogância
Desde que fechou o acordo de delação premiada com a PGR (Procuradoria Geral da República), em novembro, o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró vem causando problemas na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, onde está preso, de acordo com relatos obtidos pela Folha. A principal reclamação é que o ex-executivo passou a destratar e desrespeitar os agentes penitenciários.
O clima ficou insustentável na semana passada. Numa discussão, Cerveró teria apontado o dedo em riste no rosto de um dos funcionários da prisão. Advogados e policiais que têm acesso a presos do local disseram que os motivos do destempero de Cerveró seriam o atraso do horário de início do banho de sol e a insistência do delator em ter acesso a algumas regalias, como um frigobar na cela.
Como resposta, ouviu de um dos policiais que controlou a situação que ele era um preso comum, como um traficante ou um contrabandista.
A atitude fez com quem não só Cerveró, mas todos os presos da Lava Jato detidos no local tivessem alguns direitos suspensos, como banho de sol e conversas reservadas com os advogados, que passaram a acontecer apenas no parlatório (local em que os detentos são separados das visitas por um vidro e podem se comunicar por meio de um telefone).
A punição para o ex-diretor foi maior. Ele deixou de dividir espaço com o pecuarista José Carlos Bumlai, seu companheiro desde novembro, e foi colocado em uma cela sozinho. Além disso, Cerveró não pôde tomar banho no chuveiro, que fica ao fundo da ala dos presos, por dois dias.
Os outros detentos, que já vinham reclamando do comportamento prepotente de Cerveró desde que voltou de uma temporada de dez dias com a família em Itaipava (RJ) negociada com a PGR no escopo de sua delação, passaram a se incomodar ainda mais com ele após a restrição dos direitos.
Advogados dos demais presos chegaram a procurar a defensora do ex-diretor, Alessi Brandão, que conversou com seu cliente sobre seu comportamento intempestivo.
Conforme o acordo de delação homologado pelo STF (Superior Tribunal Federal), o ex-diretor da estatal permanecerá em regime fechado pelo menos até junho. Cogita-se a possibilidade de pedir a transferência de Cerveró, que cumpriria o tempo que falta para a ir para a prisão domiciliar em outro local.
Da Folha de S.Paulo - Bela Mgale
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