Claques do MST e sindicatos rurais aplaudem Dilma
Em meio à maior crise de seu Governo, mas aliviada pelo afrouxamento do processo de impeachment permitido pelo Supremo Tribunal Federal, a presidente Dilma recorreu aos movimentos sociais para garantir plateia e ser aplaudida na inauguração da segunda estação de bombeamento do projeto de Transposição, hoje, em Floresta, a 430 km do Recife.
Vestidos de vermelho, a cor do PT, trabalhadores, em sua maioria camponeses, eram vistos na plateia com bonés do MST. Após o pronunciamento da presidente, eles não só aplaudiram intensamente como ensaiaram o grito de guerra. “Não tem golpe, fora Cunha”, diziam, em coro. A claque que bateu palmas para Dilma foi selecionada a dedo pelos sindicatos rurais da região e o MST.
Quando citado pelo cerimonial, o líder do MST no Estado, Jaime Amorim, foi bastante aplaudido. Sabendo que ali estava diante do seu público, sem correr nenhum tipo de risco de hostilidades, a presidente exibiu bom humor, mandou beijinhos para o público e quando acabou a sua fala se dirigiu à plateia, sendo abraçada por um grupo de trabalhadores portando bandeiras do PT e MST.
Mesmo aparentando tranquilidade, a Dilma que aportou hoje em Pernambuco exibia profundas olheiras, sinal de que não está conseguindo relaxar nem dormir bem nos últimos dias por causa da crise e dos escândalos em seu Governo. Outro detalhe que chamou atenção foi seu estado físico. “Ela está muito magra e abatida”, comentou Jerônimo Silva, que a aguardada com expectativa na plateia.
Saudado como “Poeta”, um senhor acabou roubando a cena ao chegar no ambiente com uma camisa vermelha com uma foto da presidente Dilma estampando a seguinte frase: “Mãe Dilma”. A prefeita anfitriã Rorró Maniçoba, filiada ao PSB, não teve o menor constrangimento de fazer uma fala contra o impeachment num ato em que estava presente também o governador e vice-presidente do PSB, Paulo Câmara.
“Eu desejo que o Governo Federal avance. Torcer contra o Governo referendado pela escolha popular é torcer contra o Brasil”, afirmou, sendo aplaudida pela plateia. Ela acrescentou que as terras do município contarão com 80 km de canais e pediu que a presidente contemplasse Floresta com um projeto de irrigação numa extensão de pelo menos 20 mil hectares.
Ao se declarar contra o impeachment, Rorró se antecipou a uma decisão formal do PSB, o seu partido, que será tomada em Brasília em janeiro. Precavido, o governador Paulo Câmara evitou o entusiasmo da prefeita, mas jogou confetes de uma outra forma: “Sou testemunha do esforço que o Governo Federal vem fazendo para a obra não sofrer paralisação. O ano 2016, tudo indica que será um ano de desafios de recursos hídricos”, afirmou, sendo observado atentamente pela presidente.
Câmara acrescentou que é necessário ter a compreensão do momento pelo qual o País passa e que é preciso trabalhar muito para o Brasil voltar a crescer. “Quero desejar a Dilma, aos ministros e todos que estão aqui que contem com Pernambuco. O povo pernambucano vai continuar trabalhando muito por um Estado melhor e um Brasil mais desenvolvido”, afirmou.
Na sua fala, Dilma reconheceu que o momento é difícil, mas ressaltou que vai continuar trabalhando para superar o momento atual. “Vivemos em um País democrático com um governo que tem um compromisso: o de superar a crise. Nada vai me demover desse caminho! Eu tenho orgulho de ter um patrimônio: meu nome, o meu passado e o meu presente. A gente pode dar até uma envergadinha, mas não quebra”, desabafou.
A presidente afirmou, que, apesar de qualquer dificuldade, o Governo irá concluir a obra de integração do Rio São Francisco em 2016. “O Brasil é grande o suficiente para, ao mesmo tempo que faz equilíbrio fiscal nas contas públicas do Governo, investir em obras como esta (da transposição do rio São Francisco)”, disse. “O ‘Minha Casa, Minha Vida’ é outro programa que não vamos parar de jeito nenhum”, ressaltou, citando o evento de entrega de moradias do qual participou mais cedo, na Bahia.
Dilma retornou a Pernambuco, pela segunda vez neste mês, em meio à crise econômica e política que enfrenta, para entregar a segunda Estação de Bombeamento (EBV-2) do Eixo Leste e assinou cinco termos para construção dos Sistemas de Abastecimento de água, em Floresta.
Além de entregar mais a segunda estação de bombeamento do Eixo Leste, assinou convênios da ordem de R$ 285 milhões com os Estados de Pernambuco, Paraíba e Ceará, para obras de infraestrutura e de abastecimento, que levarão água para as comunidades rurais que vivem às margens dos canais do Projeto São Francisco.
Dilma estava acompanhada dos ministros Gilberto Occhi (Integração Nacional), Gilberto Kassab (Cidades) e Marcelo Castro (Saúde). Na sua fala lembrou que o País enfrenta o quinto ano de seca. “Só não tivemos cenas terríveis porque criamos uma rede social de proteção. Com a dificuldade que for, não deixaremos de concluir essa obra no ano que vem”.
Por fim, sem se referir ao processo de impeachment, afirmou: “Vivemos em um País democrático com um Governo que tem um compromisso: o de superar a crise. Nada vai me demover desse caminho”. Em seguida, provocou, sem citar nomes de nenhum de seus desafetos: “Eu tenho orgulho de ter um patrimônio: meu nome, meu passado e o meu presente. A gente pode até dar uma envergadinha, mas não quebra”.
No início do mês, ela já havia provocado os seus desafetos. Após o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ter acolhido seu pedido de impeachment, a gestora disparou: “Não existe nenhum ato ilícito praticado por mim, não paira contra mim nenhuma suspeita de desvio de dinheiro público”.
por Magno Martins
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