Fifa mantém eleição em fevereiro e não fecha as portas a Platini
Esta foi a primeira reunião do Comitê sem Blatter, que, como Platini, foi suspenso por 90 dias pela comissão de ética
Grande favorito à sucessão do suíço, Michel Platini, presidente da Uefa, teve a candidatura 'congelada'
Apesar do mega-escândalo de corrupção que abala a Fifa, o Comitê Executivo da entidade resolveu nesta terça-feira manter para o dia 26 de fevereiro a eleição do sucessor do presidente demissionário Joseph Blatter.
Grande favorito à sucessão do suíço, Michel Platini, presidente da Uefa, teve a candidatura 'congelada', mas ainda mantém a esperança de poder brigar pelo cargo mais alto do futebol mundial.
A candidatura do ex-craque francês não será examinada pela Comissão Eleitoral enquanto durar a suspensão de 90 dias imposta no dia 8 de outubro, mas uma decisão ainda poderá ser tomada se a punição for levantada ou expirar, informou a Fifa num comunicado.
Esta foi a primeira reunião do Comitê sem Blatter, que, como Platini, foi suspenso por 90 dias pela comissão de ética.
Uma fonte próxima ao francês considerou a decisão tomada nesta terça-feira como "uma boa notícia".
"A comissão eleitoral poderia ter acabado com a candidatura, mas resolveu manter uma possibilidade de reintegrá-lo. Hoje, temos o sentimento que a comissão não matou Michel Platini", reagiu.
"A decisão desta terça-feira não muda muita coisa para Platini", concordou uma fonte próxima à Fifa.
A suspensão termina, em teoria, no dia 5 de janeiro, pouco menos de dois meses antes da eleição, mas pode ser levantada mais cedo, já que o dirigente já recorreu diante da câmara de apelação e pretende levar o caso ao Tribunal Arbitral do Esporte se for preciso.
A situação do ídolo da Juventus, contudo, ainda pode piorar. A suspensão por 90 dias foi tomada apenas de forma provisória, e a comissão de ética ainda pode optar por uma punição mais severa.
A decisão final pode sair na tarde de quarta-feira, já que a comissão anunciou que iria "avaliar os processos individuais em curso", sem confirmar, porém, se iria avaliar especificamente os casos de Platini e Blatter.
- Príncipe Ali, de azarão a favorito -
Ao congelar a candidatura de Platini, a Fifa deixa o caminho livre para o Príncipe Ali Bin Al Hussein lançar de vez a sua campanha, enquanto o francês está de mãos atadas.
O jordaniano, que levou Blatter ao segundo turno na última eleição, em maio, assume agora o papel de favorito, já que é o único candidato de peso que conseguiu se manter na disputa.
O sul-coreano Chung Mong-joon foi banido por seis anos do futebol pela comissão de ética, no mesmo dia em que o francês foi suspenso, e Zico ainda não conseguiu o apoio de cinco federações nacionais, necessário para validar sua candidatura.
O presidente da Federação Asiática e vice-presidente da Fifa, o xeque do Bahrein Salman bin Ibrahim al Jalifa, pode ser o próximo a confirmar a candidatura.
Outros são cotados para entrar na disputa, como Tokyo Sexwale, ex-companheiro de cela de Nelson Mandela, ou Jerome Champagne, ex-secretário-geral da Fifa.
Além da preocupação com o cronograma da eleição, Platini precisa lidar com outro problema: a investigação penal da justiça suíça pelo pagamento suspeito de 1,8 milhão de euros que o francês recebeu do próprio Blatter em 2011.
Platini foi ouvido como testemunha no caso, enquanto o suíço foi oficialmente indiciado. Mas a comissão de ética não fez a diferença, suspendendo ambos por 90 dias.
- Limite de idade de mandatos -
A primeira reunião do Comitê Executivo sem os dois cartolas causou um grande alvoroço, com dezenas de jornalistas do mundo inteiro presentes em Zurique para cobrir o evento, dirigido pelo presidente interino, o camaronês Issa Hayatou.
A situação de crise, porém, deixou filtrar pouquíssimas informações sobre o que aconteceu dentro da sede da Fifa.
Não houve entrevista coletiva depois da reunião, uma situação inédita que mostra a fragilidade da entidade, e vai totalmente na contra-mão dos ideais de "transparência" que diz querer colocar em vigor através da comissão de reformas.
As primeiras recomendações desta comissão foram divulgadas nesta terça-feira, num relatório preliminar sugerindo duas mudanças que dizem respeito à presidência: um limite de 12 anos no exercício do cargo e idade máxima de 74 anos.
Nada de muito inovador, mas já seria um avanço, quando se lembra que o próprio Blatter foi reeleito em maio para um quinto mandato aos 79 anos, enquanto já estava no cargo há 17, desde 1998.
Seu antecessor, o brasileiro João Havelange, permaneceu ainda mais tempo no cargo (24, de 1974 a 1998). O recordista é o francês Jules Rimet, criador da Copa do Mundo, que exerceu a função por 33 anos, de 1921 a 1954.
O relatório final será avaliado pelo mesmo Comitê Executivo nos dias 2 e 3 de dezembro.
Se forem aprovadas, essas reformas serão submetidas ao voto do congresso de 26 de fevereiro, o mesmo em que será eleito o sucessor de Blatter.
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