Moro diz que propina influencia decisões
A intenção de receber propinas influencia as decisões de gestores públicos ainda na fase de projetos nos países em que há corrupção em larga escala, afirmou ontem o juiz federal Sergio Moro. Responsável pela Operação Lava-Jato, que investiga um esquema de corrupção na Petrobras, ele participou de um evento para empresários em São Paulo.
Moro citou como exemplo de obra com indício desse tipo de influência a construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, que tinha orçamento inicial de US$ 2 bilhões, mas já passou de US$ 18 bilhões. O juiz foi aplaudido de pé ao entrar no auditório do evento promovido pela revista Exame, ao encerrar sua exposição, que durou cerca de uma hora. Ao falar sobre os custos da corrupção para o país, Moro ressaltou também que os acertos ilícitos entre empresários e funcionários públicos prejudicam a efetiva concorrência entre as empresas e a redução de gastos para administração em licitações.
Para Moro, o enfrentamento da corrupção pode ter um custo no curto prazo, mas vale a pena. “No longo prazo, esse enfrentamento da corrupção sistêmica vai trazer ganhos a todos, porque o custo da corrupção sistêmica é algo extraordinário”, disse. O juiz argumentou que a corrupção prejudica a intenção do empresariado em investir no país, prejudica a concorrência livre entre empresas e também impacta a confiança da população nos mecanismos de transparência e Justiça.
Ele destacou a “perda da autoestima” e da “dignidade” dos cidadãos brasileiros como o maior efeito negativo da corrupção. “É preciso que não só as instituições públicas, mas as instituições privadas e todos os cidadãos digam não a essas práticas, ao pagamento de propina. Os ganhos futuros serão muito maiores que os custos imediatos”, afirmou nas investigações específicas da Petrobras, Moro diz que os prejuízos à estatal vão além dos desvios e chegam a investimentos que não fazem sentido para a companhia.
por Magno Martins
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