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terça-feira, 25 de agosto de 2015

SPORT - BRONCA PESADA NA ILHA

Torcida Jovem vai à Justiça, caso seus membros sejam excluídos do quadro social do Sport

Torcida afirmou que vai acionar a Justiça para assegurar direitos de seus membros de serem sócios do Sport


Sócio patrimonial, presidente da organizada diz que não sabe quem são as 20 pessoas


No início da noite de segunda-feira (24), o Sport anunciou no site oficial do clube, através de pronunciamento de seu presidente, João Humberto Martorelli, que vai excluir de seus quadros sociais 20 membros da Torcida Jovem. Para a organizada, a medida tomada se baseia em atos praticados no passado e tem o intuito de desviar o foco da má fase vivida pelo time. Caso a exclusão seja determinada pelo Conselho Deliberativo rubro-negro, a entidade assegura que vai acionar a Justiça para assegurar os direitos de seus membros.
Henrique Marques Ferreira é sócio patrimonial do Sport e presidente da Torcida Jovem, a maior organizada do clube. Ele diz que, até o momento, a associação que preside não tomou conhecimento de quem são os 20 membros da torcida cuja exclusão foi proposta pelo presidente do Leão. Porém, deixa claro que não vai aceitar a decisão sem recorrer da medida. “A gente vai correr atrás dos nossos direitos”, garante.
O presidente da Jovem alega que é um direito de todo torcedor fazer parte da vida social do clube, inclusive das ações políticas. “A gente tem nosso direito de se expressar nas eleições e no dia a dia do clube”, afirma. Por essa razão, Henrique confirma que a organizada tem como meta associar mil membros ao clube. “Temos promovido uma campanha de conscientização dos membros da torcida para se associar ao clube, para apoiar o clube”, diz. De acordo com ele, já são “cerca de 700 associados.”
Henrique contesta a decisão de João Humberto Martorelli. “O que eles fizeram contra o clube para serem expulsos?”, questiona. Indagação que é feita por Bruno Reis, que foi candidato à presidência do Sport em 2014. “Esses membros praticaram algum ato que desabonassem suas condutas como sócio?”, pergunta. Para Bruno Reis, a violência deve ser punida pelos órgãos públicos competentes e a punição ao sócio deve acontecer pelos atos que ele pratica contra a imagem do clube. “Só por serem parte de torcida organizada não se pode punir a pessoa”, afirma.
No entendimento do presidente da Jovem, o momento escolhido para anunciar a medida não foi casual. “Toda vez que o Sport tem uma decadência, ele arruma algo para tirar a atenção. O time vem caindo de produtividade e ele tenta desviar do lado dele, chamando a atenção para cima da torcida”, alega.
Em nota ao Superesportes, o jurídico da Jovem argumenta que a atual diretoria da torcida tem “um projeto em prática em prol da segurança nos estádios e fora deles” e que “tem seu foco em apoiar o Sport”. E encerra ratificando o posicionamento do presidente da organizada, de que a questão poderá parar na Justiça. “Caso o Sport decida por prosseguir com a medida anunciada, a Jovem deverá buscar o Judiciário em defesa dos seus direitos.”

Medida discriminatória
O clube alega que os membros da Torcida Jovem ferem os incisos II e VIII do artigo 47 do Estatuto Social do Sport. A decisão, contudo, não é baseada em algum ato praticado diretamente pelos 20 sócios que deverão ser excluídos pelo clube. O vice-presidente rubro-negro Arnaldo Barros ratifica o posicionamento do presidente Martorelli. “Quando se constatou, com precisão, que estes 20 nomes integram a Torcida Jovem, foi solicitada a exclusão. O presidente Martorelli se manifestou dizendo que as duas instituições são compatíveis entre si. Uma pessoa que é sócia de uma associação como essa é incompatível”, reiterou.
Gilberto da Motta é pesquisador da área de futebol e doutorando em sociologia pela Universidade Federal de Pernambuco (Ufpe). Para Motta, que estuda o sentimento do pertencimento clubístico, o Sport perde uma boa oportunidade de integrar os membros de sua maior organizada e contribuir, de forma transformadora, para o fim da violência no futebol. “O clube, ao invés de aproveitar uma situação como essa para traçar uma linha de processo civilizatório, está excluindo a torcida como um todo, uma discriminação generalizada, identificando como se a torcida fosse algo imutável”, argumenta.
Motta vê a atitude rubro-negra como uma medida discriminatória. “Da maneira como o clube está tomando, acaba discriminado um grupo. A ideia é enfraquecer a torcida. Mas, vai gerar um comparecimento da torcida, na medida em que vai se juntar para reagir. Está gerando um sentimento de solidariedade no grupo”, afirma.
Ao mesmo tempo em que enaltece a postura do clube, o pesquisador critica a forma de sua atuação. “O fato de o clube estar tomando essas medidas é um reconhecimento de que a violência no futebol é um problema no clube também. Acho que esse é um ponto positivo. Porque até então os clubes lavavam as mãos, alegavam que era questão de polícia, por exemplo”, explica. “O clube, porém, vê a torcida pela ótica da violência e ela é inimiga por conta da violência. E essa visão é muito simplista”, emenda. “O clube vê a torcida como inimiga ao invés de trabalhar para atrair estes torcedores e tentar impulsionar uma mudança de comportamento, de valores”, finaliza.


Diario de Pernambuco

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