As digitais de Lula
A capa da revista Veja desta semana ainda está dando muito o que falar. Com o título “A vez dele” e uma foto de um Lula extremamente envelhecido, revela que o operador da empreiteira OAS, Léo Pinheiro, o maior amigo do ex-presidente, que reformou toda a sua fazenda de Atibaia, decidiu contar ao Ministério Público Federal tudo o que sabe sobre a participação de Lula no petrolão e como o filho Lulinha ficou milionário.
Segundo a reportagem, Léo Pinheiro não quer repetir o que fez o Marcos Valério do mensalão, que está mofando numa penitenciária de Minas Gerais. “Léo e Lula são bons amigos. Mais do que por amizade, eles se uniram por interesses comuns. Léo era operador da empreiteira OAS em Brasília. Lula era presidente do Brasil e operado pela OAS. Na linguagem dos arranjos de poder baseados na troca de favores, operar significa, em bom português, comprar”, diz um dos trechos da matéria.
Para acrescentar:” Agora operador e operado enfrentam circunstâncias amargas. O operador esteve há até pouco tempo preso em uma penitenciária em Curitiba. Em prisão domiciliar, continua enterrado até o pescoço em suspeitas de crimes que podem levá-lo a cumprir pena de dezenas de anos de reclusão. O operado está assustado, mas em liberdade. Em breve, Léo, o operador, vai relatar ao Ministério Público Federal os detalhes de sua simbiótica convivência com Lula, o operado”.
Para a revista, agora o ganho de um significará a ruína do outro. Léo quer se valer da lei sancionada pela presidente Dilma Rousseff, a delação premiada, para reduzir drasticamente sua pena em troca de informações sobre a participação de Lula no petrolão, o gigantesco esquema de corrupção armado na Petrobras para financiar o PT e outros partidos da base aliada do governo.
Por meio do mecanismo das delações premiadas de donos e altos executivos de empreiteiras, os procuradores já obtiveram indícios que podem levar à condenação de dois ex-ministros da era lulista, Antônio Palocci e José Dirceu. Delatores premiados relataram operações que põem em dúvida até mesmo a santidade dos recursos doados às campanhas presidenciais de Dilma Rousseff em 2010 e 2014 e à de Lula em 2006.
As informações prestadas permitiram a procuradores e delegados desenhar com precisão inédita na história judicial brasileira o funcionamento do esquema de sangria de dinheiro da Petrobras com o objetivo de financiar a manutenção do grupo político petista no poder. É nessa teia finamente tecida pelos procuradores da Operação Lava-Jato que Léo e Lula se encontram.
Léo Pinheiro autorizou seus advogados a negociar com o Ministério Público Federal um acordo de colaboração. As conversas, segundo a Veja, estão em curso e o cardápio sobre a mesa. “Com medo de voltar à cadeia, depois de passar seis meses preso em Curitiba, Pinheiro prometeu fornecer provas de que Lula patrocinou o esquema de corrupção na Petrobras, exatamente como afirmara o doleiro Alberto Youssef em depoimento no ano passado”, revela a reportagem-bomba.
Resta saber se o executivo da OAS se dispôs de verdade a explicar como o ex-presidente se beneficiou fartamente da farra do dinheiro público roubado da Petrobras, o maior escândalo da história republicana. Só um bobo para acreditar que a falcatrua não tem o DNA do ex-presidente Lula.
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