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quarta-feira, 17 de junho de 2015

HOMOFÓBICOS CONDENADOS

Pena de 18 anos a réus por primeira morte reconhecida como homofobia em PE

Segundo inquérito policial, acusados teriam mantido relações homoafetivas com José Ricardo

Mãe da vítima espera que caso abra precedentes para punir casos de aversão a gays

Os dois acusados de matar a pauladas o jovem homossexual José Ricardo Pereira da Silva, no Recife, em 2010, foram condenados a 18 anos de reclusão, cada um. Augusto Cesar Rodrigues, de 26 anos, e Windson Flávio de Melo, 25, ouviram a sentença por volta das 15h desta quarta-feira (17), no Fórum Thomaz de Aquino, no bairro de Santo Antônio, na área central da Cidade. Em Pernambuco, o caso foi o primeiro a ser reconhecido e julgado como crime praticado por homofobia. A pena será aplicada por homicídio triplamente qualificado – por motivo fútil, uso de meios cruéis e impossibilidade de defesa da vítima. A defensora dos réus afirmou que apelará.
A sessão, que teve início pela manhã, foi presidida pelo juiz Pedro Odilon de Alencar. Em seu depoimento, Augusto voltou a negar a autoria do crime. Disse que conhecia a vítima e que a mãe dela, Eleonora Pereira, está querendo incriminá-lo. Afirmou também que, no dia do assassinato, ele e outros amigos estavam fumando maconha perto da casa de José Ricardo. Ele também disse que as testemunhas que depuseram contra ele telefonaram dizendo que não iriam mais depor, porque sabiam que ele não era culpado.
O júri popular não contou com o depoimento de testemunhas. Também não teve réplicas e tréplicas após as falas da defesa e da acusação. O outro réu, Windson, preferiu não falar. Desse modo, por volta das 13h, os jurados saíram para deliberar. Momentos depois, saiu a sentença.
Pela manhã, a mãe da vítima, Eleonora Pereira, afirmou que esperava que o caso abrisse precedentes para acabar com a impunidade em crimes motivados por homofobia. “Se meu filho perdeu a vida simplesmente pelo fato de amar diferente do que a sociedade impõe, isso não é motivo para tirar a vida de uma pessoa. Então, a gente resolve começar a sensibilizar a sociedade que a gente ama nossos filhos e que não quer nossos filhos nem mortos nem sofrendo constrangimento”, comentou.
“Quero que o crime do meu filho não fique impune. Sei que as mães deles podem até estar chateadas, mas elas podem abraçar os filhos delas, e eu jamais vou poder abraçar meu filho. A última vez que botei meu filho nos braços foi quando fui retirar os restos mortais dele para colocar no ossuário. Até dentro do presídio, elas podem abraçar, beijar e ouvir um feliz Dia das mães, um feliz Natal”, continuou Eleonora.
O caso
José Ricardo foi assassinado, aos 24 anos, no bairro de Jardim São Paulo, na Zona Oeste do Recife. Ele chegou a ser socorrido após a agressão, mas morreu um dia depois, no Hospital da Restauração (HR), na área central da Capital. As investigações policiais apontaram que os acusados teriam mantido relações homoafetivas com a vítima e teriam cometido o crime com o objetivo de esconder sua orientação sexual. Augusto Cesar já cumpre prisão preventiva desde dezembro de 2010. Já Windson Flávio foi preso preventivamente em março de 2012. Ambos estão detidos no Complexo Prisional do Curado, na Zona Oeste do Recife.
Folha de Pernambuco

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