Imagem da crise, entrevista de Del Nero 'esconde' patrocinadores
No auditório da confederação, os patrocinadores da entidade não tiveram suas marcas expostas enquanto o dirigente comentava o caso de corrupção envolvendo o seu vice, José Maria Marin
Em todas as entrevistas coletivas da CBF realizada desde a inauguração da nova sede da CBF, no dia 10 de abril de 2015, os 13 patrocinadores são exibidos em painel
A entrevista coletiva de Marco Polo Del Nero, presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), nesta sexta-feira (29) no Rio de Janeiro, teve um cenário diferente de todos os outros eventos da entidade. No auditório da confederação, os patrocinadores da entidade não tiveram suas marcas expostas enquanto o dirigente comentava o caso de corrupção envolvendo o seu vice, José Maria Marin, detido na última quarta (27), na Suíça.
Em todas as entrevistas coletivas da CBF realizada desde a inauguração da nova sede da CBF, no dia 10 de abril de 2015, os 13 patrocinadores são exibidos em painel. Foi o caso, por exemplo, da entrevista após a posse de Del Nero, no dia 16 de abril.
A assessoria de imprensa da CBF informou que não houve tempo para montar o painel no auditório da entidade nesta sexta.
Embora a imagem da CBF esteja arrasada pela prisão dos cartolas da Fifa, os patrocinadores da confederação devem se manter fiéis aos contratos, afirmam publicitários ouvidos pela reportagem.
A estratégia mais provável, contudo, será tentar distanciar a imagem das marcas em relação à CBF. Os alvos das peças publicitárias serão os atletas e o esporte.
O publicitário Alexandre Peralta, sócio da agência de propaganda Peralta, lembra que o investimento na Copa América -cujos jogadores se apresentam na próxima semana- já foi efetivado.
A maior parte dos patrocinadores já tem mídia comprada e comercial produzido para entrar no ar, segundo ele.
"E, nas mensagens, eles se posicionam como 'patrocinador oficial da seleção brasileira' e não 'patrocinador da CBF', diz Peralta.
A Copa América, segundo Peralta, é uma oportunidade que não pode ser perdida pelos patrocinadores porque a Copa do Mundo foi um "balde de água fria devido ao desempenho frustrante da seleção".
Para Fábio Wolff, sócio da Wolff, consultoria de marketing esportivo, ainda é cedo para fazer a avaliações.
"É difícil falar pelas empresas. Cada uma tem sua estratégia, mas já vi outras investigações. O interesse das pessoas pelo futebol continuou existindo. Futebol traz audiência", afirma.
Uma grande marca que deixar de ser patrocinadora neste momento pode ser substituída por um concorrente, lembra Wolff
Um publicitário que tem em seu portfólio marcas vinculadas à CBF disse que a experiência mostra que escândalos anteriores no setor não abalaram a relação entre grandes marcas.
Há contra-exemplos disso, segundo ele, mas em geral a paixão brasileira pelo futebol prevalece. Há cerca de dois anos, o ex-ciclista Lance Armstrong teve contrato rompido com a Nike após confessar ter se dopado.
Um dos principais patrocinadores da CBF, o Itaú afirmou que nada muda em relação aos contratos.
"O Itaú, como patrocinador da CBF e banco oficial da seleção brasileira de futebol, está acompanhando as notícias sobre as investigações. O banco reforça que preza pela total transparência e ética, valores que sempre busca nos relacionamentos com todos os seus fornecedores e parceiros."
A Samsung também se posiciona como "patrocinadores oficiais da seleção brasileira de Futebol, com o objetivo de divulgar nossa marca e apoiar o desenvolvimento do esporte - paixão nacional dos brasileiros".
A P&G afirma que "não se envolve em questões políticas da CBF, não tem nem nunca teve responsabilidade sobre a área financeira e não participa das decisões ligadas à CBF e à seleção. A companhia tem o direito de usar a imagem da seleção como patrocinador oficial e é isso o que tem feito desde que se tornou patrocinador".
A EF Englishtown também confirma manutenção do contrato. A Seguros Unimed diz que está aguardando os desdobramentos do caso para uma tomada de decisão.
Procuradas, Vivo, Guaraná Antarctica, Sadia, Chevrolet, Mastercard, Michelin e Gol não comentaram o assunto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário