Julgamento de policiais envolvidos na morte de adolescentes continua nesta sexta-feira
Para a surpresa dos presentes, promotor pediu absolvição de um dos acusados
O segundo dia de julgamento dos policiais militares envolvidos na morte de dois adolescentes, em fevereiro de 2006, terminou por volta das 21h desta quinta-feira (21). A sessão, que tinha a previsão inicial de 9 horas de duração, contou as falas do advogado de defesa dos réus, José Siqueira, e do promotor do Ministério Público de Pernambuco, André Rabelo.
Para a surpresa dos presentes, o promotor pediu, ao final de sua tréplica, a absolvição de um dos acusados, o soldado Irandi, que teria ficado na viatura, e não foi citado em nenhum dos depoimentos das vítimas como um dos agentes do crime. A conclusão do julgamento deve ocorrer nesta sexta-feira (22), quando deverá ser divulgada a sentença de cada um dos envolvidos.
Mais cedo, por volta das 10h, o promotor teve duas horas e meia para fundamentar o seu argumento. Depois disso, houve o intervalo, e o advogado de defesa iniciou uma hora depois, n a segunda parte do dia. Seu principal argumento foi o de que os rapazes eram infratores, e os policiais só pretendiam evitar que estes continuassem a praticar arrastão, hipótese baseada em uma confissão de outro menor, já falecido, de que todos estariam praticando os assaltos.
"Se quiserem (júri) concluir com justiça, absolvam meus clientes. Eles são pessoas com mais de 20 anos de polícia, não são contra a vida", disse o advogado, pouco antes do final de sua fala.
Em contrapartida, o promotor disse que não se justifica matar por ser infrator. "Tem gente que veste uma farda. E ao invés de cumprir a lei, fica dando porrada e mandando menino se jogar no rio", disparou. Ainda de acordo com ele, a defesa tentou desqualificar os jovens, quando tentou justificar que os pais não cuidavam dos filhos e que estes estavam atrasados na escola. O promotor também ressaltou que todos são culpados e não apenas um, como alega a defesa.
O advogado, em sua tréplica, argumentou que não se pode dar credibilidade a uma sindicância que aponta todos como culpados, pois, segundo ele, não há contraditório, ou seja, na sindicância não há defesa. "Sindicância só serve para abrir conselho de disciplina ou inquérito. Como se pode dar credibilidade a relatório unilateral produzido em menos de 30 dias do evento ocorrido?", questionou ele, rebatendo o promotor.
Os quatro réus - Aldenes Carneiro da Silva, José Marcondi Evangelista, Ulisses Francisco da Silva e Irandi Antônio da Silva - também contaram suas versões do fato. O advogado de defesa insistiu na tese de que os acusados só foram envolvidos porque obedeciam a ordens do tenente Sebastião Antônio Félix - outro réu, que ainda não está sendo julgado - e que nenhum deles espancou os adolescentes ou mandou que eles entrassem no rio.
O tenente Sebastião Antônio Félix também seria julgado na quarta, mas teve a audiência adiada para 14 de julho porque seu advogado deixou o caso. Um novo profissional já foi constituído, mas alegou não conhecer o processo. O tenente responde pelo homicídio de Zinael.
Entenda o caso
Diogo e outros 11 jovens, além de mais quatro não identificados, também tiveram que pular da ponte Joaquim Cardozo, no bairro dos Coelhos, Região Central do Recife, sob a mira de um revólver. O crime ocorreu durante o Carnaval de 2006, e, de acordo com os policiais envolvidos, os adolescentes estariam envolvidos em arrastões. Os réus também estão sendo julgados pelas tentativas de homicídio correspondentes. A audiência ocorre no Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano, na Ilha Joana Bezerra, também na área central do Recife.
da Folha de Pernambuco
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