Retrato da dispersão
O clima do nós contra eles na política ia acabar levando a isso. O fotógrafo Beto Novaes, do Estado de Minas, é parecido com Lula. Parecido, não igual; parecido o suficiente para fazer brincadeiras, não mais do que isso. Mas, no meio da manifestação contra Dilma e o PT, acabou sendo agredido, apenas por ser parecido com Lula. Outros foram atacados por usar camisas vermelhas, como se isso fosse crime; mas, enfim, a escolha da cor da camisa é pessoal, e foi interpretada como provocação (e se fosse? Por que a violência?)
Mas Beto Novaes não tem culpa de ser parecido com Lula. E dificilmente poderia ser confundido com alguém que, a título de provocação, fingisse ser Lula: estava com crachá, perfeitamente identificado, e ainda por cima com aquela roupa de repórter fotográfico, cheia de bolsos com lentes, câmeras diversas, baterias de reserva. Levou chutes, empurrões, e teve de fotografar a manifestação de longe, protegendo-se contra novas agressões.
Não dá: é preciso reduzir o nível de agressividade. Partidos, governos, oposições - e imprensa - têm um papel a desempenhar, um papel moderador. De que adianta protestar contra a corrupção pondo a violência no lugar da ladroeira? Não há programa partidário que dê certo (e admitindo-se, gentilmente, que haja programas partidários) num país que se inciviliza a passos rápidos.
Mas Beto Novaes não tem culpa de ser parecido com Lula. E dificilmente poderia ser confundido com alguém que, a título de provocação, fingisse ser Lula: estava com crachá, perfeitamente identificado, e ainda por cima com aquela roupa de repórter fotográfico, cheia de bolsos com lentes, câmeras diversas, baterias de reserva. Levou chutes, empurrões, e teve de fotografar a manifestação de longe, protegendo-se contra novas agressões.
Não dá: é preciso reduzir o nível de agressividade. Partidos, governos, oposições - e imprensa - têm um papel a desempenhar, um papel moderador. De que adianta protestar contra a corrupção pondo a violência no lugar da ladroeira? Não há programa partidário que dê certo (e admitindo-se, gentilmente, que haja programas partidários) num país que se inciviliza a passos rápidos.
Carlos Brickmann
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