Em delação premiada complementar, feita em fevereiro deste ano, o doleiro Alberto Youssef, personagem central da Lava Jato, afirmou ao Ministério Público Federal que entregou diversas vezes dinheiro para o senador e ex-presidente (1990/1992) Fernando Collor (PTB-AL). A delação, dividida em vários depoimentos, foi gravada em vídeo. O arquivo com as imagens de Youssef depondo foi incluído nos autos da Lava Jato.
O senador e ex-presidente Fernando Collor nega ‘qualquer relação’ com Youssef. O doleiro disse que funcionários seus entregaram quantias em espécie na casa do parlamentar em Alagoas e em um apartamento em São Paulo. Segundo Youssef, um emissário de Collor teria ido a seu escritório receber dinheiro. O ex-presidente é investigado pelo Supremo Tribunal Federal.
“Eu fiz vários depósitos para o Fernando Collor e isso já faz algum tempo. Creio que 2010, 2011, não me lembro. Não sei precisar a data”, disse Youssef. “Não sei especificar exatamente os valores. Mas teve vez que foi R$ 200 mil, R$ 300 mil. Sempre mais ou menos nesses valores.”
O procurador-geral da República Rodrigo Janot aponta “indícios veementes” de crimes de lavagem de dinheiro e evasão de divisas envolvendo Collor. Ele pediu que o senador seja ouvido para que “apresente sua versão sobre os fatos”.
Na petição encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF), em que pede investigação sobre o envolvimento de Collor com o doleiro Alberto Youssef, o chefe do Ministério Público apontou a existência de comprovantes de depósitos bancários apreendidos com o doleiro.
Youssef afirmou que um emissário seu foi a Alagoas ‘umas 4 ou 5 vezes’ entregar dinheiro a Collor e que um emissário do senador foi a seu escritório buscar dinheiro ‘umas 4 ou 5 vezes ou mais’. O doleiro disse que nunca teve contato diretamente com o parlamentar, apenas com o funcionário dele.
Segundo ele, um ex-ministro de Collor, que chama de PP, pediu para que desse dinheiro ao senador. Youssef afirma que o ex-ministro foi seu cliente de 2008 até sua prisão (em março de 2014) e tinha uma conta com ele. O doleiro está preso na carceragem da PF em Curitiba, base das investigações da Lava Jato.
“O meu relacionamento com o Collor nessa questão de valores sempre foi por intermédio do PP. Nunca teve outra pessoa que tivesse pedido pra eu entregar alguma coisa ao Collor”, disse. “(PP) tinha conta corrente comigo e pediu que eu fizesse um depósito nessa conta, que era do Fernando Collor. Como também pediu que eu entregasse dinheiro em espécie na casa do Fernando Collor”, afirmou.
Youssef falou ainda que ‘neste meio de políticos que eu frequentava, se dizia que o Collor tinha uma diretoria na BR”. “Qual diretoria era e qual diretor indicado por ele eu não posso dizer, porque eu não sei.”
Estadão Conteúdo
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