Um circo para Eduardo Cunha
Sério. Brilhante. Íntegro. Coerente. Honesto. Todos esses adjetivos foram pronunciados ontem na CPI da Petrobras. O sujeito das frases era Eduardo Cunha, investigado no STF por suspeita de receber dinheiro vivo do petrolão.
O presidente da Câmara alegou que desejava depor para apresentar sua defesa. Na prática, montou um circo para demonstrar força. Recebeu apoio e até aplausos dos colegas.
Cunha atacou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e tentou desqualificar os indícios que motivaram o ministro Teori Zavascki a abrir inquérito contra ele.
A maioria dos deputados abriu mão de fazer perguntas para exaltá-lo. "O presidente Eduardo Cunha rebateu ponto a ponto de maneira brilhante. Não resta nada a ser esclarecido", proclamou o deputado Aluisio Mendes (PSDC-MA).
"O senhor tem uma grande história e uma luz que há de brilhar neste país", desmanchou-se Marcelo Aro (PHS-MG). "Deus lhe abençoe, parabéns pela exposição e muito obrigado pela oportunidade de estar vivendo este momento", agradeceu Silas Câmara (PSD-AM).
Em disputa aberta pela simpatia do PMDB, petistas e tucanos se uniram para bajular Cunha. "Confio nas suas palavras", disse o líder do PT, Sibá Machado (AC). "Vossa Excelência não perde em momento nenhum a autoridade para presidir esta Casa", reforçou o líder do PSDB, Carlos Sampaio (SP).
A CPI já havia deixado claro que não vai investigar as empreiteiras do petrolão. Agora indica que os políticos acusados de receber propina também não precisam se preocupar.
Nos últimos dois dias, Dilma Rousseff saiu de Brasília para prestigiar os dois governadores investigados na Lava Jato. Nesta quinta, foi ao Rio inaugurar obra com Luiz Fernando Pezão (PMDB). Na véspera, visitou o Acre para entregar casas populares com Tião Viana (PT).
Folha de S.Paulo
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