A subida do Atlético Pernambucano
Time de Limoeiro vai debutar na Primeira Divisão do Campeonato Pernambucano em 2015
Às margens da PE-90, em Limoeiro, a 77km do Recife, em um campo rodeado por pequenos morros, onde ao fundo se vê animais pastando, treina o pouco conhecido Atlético Pernambucano, time com apenas oito anos de fundação. Formada basicamente por atletas oriundos da Zona da Mata Norte do Estado, com uma folha salarial inferior a R$ 18 mil, a equipe vai debutar na Primeira Divisão do Campeonato Pernambucano em 2015. O acesso à elite do futebol estadual foi conquistado no domingo passado, ao se classificar para decisão da Série A2 depois de bater nos pênaltis o Belo Jardim – a final será contra o Vera Cruz, no próximo sábado (11), às 16h, no estádio Carneirão, em Vitória de Santo Antão.
A sede do Atlético-PE tem 24 hectares e mais parece um hotel fazenda, com direito a piscina com cascata e academia de musculação logo na entrada. Ao lado, uma casa amarela com mais de 20 quartos foi transformada em alojamento para atletas e comissão técnica. Há uma área de convivência, com direito a TV a cabo e jogos de tabuleiro. É ali que também acontecem os cultos evangélicos ministrados pelo volante Tarcísio, de apenas 21 anos. Alguns passos, e a plaquinha indica “Biblioteca”: um móvel de madeira com quatro prateleiras com livros dos mais diversos, inclusive de filosofia.
Na sede em Limoeiro, chamada de “Campestre”, ficam as equipes sub-20 e sub-23 – a Série A2 foi disputada por atletas com menos de 23 anos. Em Camaragibe, fica o que foi batizada de “Sede Metropolitana”, onde estão os times sub-15 e sub-17. As estruturas de ambas são parecidas. No total, são quase 120 garotos, aspirantes a craque. O custo para manter tudo funcionando gira em torno dos R$ 40 mil mensais. O dinheiro para as despesas vem do bolso de 16 colaboradores (pessoas físicas).
O Atlético-PE foi fundando em 2006 com a proposta de ser mesmo um formador de jogadores. O idealizador foi Alberto Lisboa, ex-diretor do Santa Cruz nas gestões de José Mendonça e Romerito Jatobá. Contrariado por não ter recebido carta branca no Arruda para fazer um trabalho de integração entre as categorias de base e o profissional, decidiu criar seu próprio time. Atualmente, define-se como um “assessor em planejamento esportivo” do clube – uma ex-funcionária, Elisângela Silva, ocupa a presidência.
Dois filhos de Alberto Lisboa integram os quadros do Atlético-PE. Lucas é um dos gerentes do departamento de futebol, enquanto Gabriel é auxiliar técnico. Na decisão de sábado, por sinal, é ele quem vai comandar o time contra o Vera Cruz. É que o treinador da equipe na campanha da Série A2, o paulista Thiago Kosloski, só tinha contrato até amanhã. “A final da Série A2 foi adiada e não tinha como ele permanecer, pois tem compromissos agendados em São Paulo”, explicou Alberto.
No entanto, engana-se quem pensa que o time não está focado para a decisão de sábado. “Queremos coroar o acesso com a conquista do título. Será um presente para meu pai, que tanto lutou por esse projeto”, afirmou Gabriel, de 26 anos.
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