Entenda porque o Brasil deve ter cuidado com o melhor Chile de todos os tempos
A seleção é considerada a melhor de todos es tempos
Com bons jogadores em todas as posições, um ótimo treinador e uma invasão de torcedores, o Chile será um adversário trabalhoso para o Brasil
Em dezembro, logo após o sorteio que determinou os grupos do Mundial, Luiz Felipe Scolari alertava para a possibilidade e o risco de enfrentar os chilenos nas oitavas. “Tomara que o Chile não se classifique. Prefiro qualquer outro. É muito chato de jogar, um time bem organizado. Eles são inteligentes, têm um time bom e o sistema deles não encaixa com o nosso. É melhor jogar com um europeu”, projetou. À revelia de Felipão, seu palpite sobre a força dos andinos foi profético. Confira, a seguir, o que os chilenos têm a oferecer.
Geração de ouroO atual grupo da La Roja é considerado pela imprensa chilena como a melhor geração de jogadores da história do país, bem servida em quase todas as posições.
Muitos dos nomes são referências em seus times na Europa. O cérebro é o inteligente meia Arturo Vidal, da Juventus. No ataque, Alexis Sánchez, do Barcelona, e Eduardo Vargas, do Napoli, formam uma dupla de ataque veloz e de muita qualidade técnica. Um dos pilares do meio-campo é o volante Charles Aránguiz, do Internacional, com ótima qualidade no passe e função de elemento surpresa. Nas laterais, Isla (Juventus), pela direita, e Mena (Santos), pela esquerda, são presenças frequentes no setor ofensivo. O goleiro Bravo, em ótima fase, é outro destaque. Em um grupo tão forte, Valdivia é banco.Mão do treinador
De nada adianta um grupo de qualidade sem um treinador competente. O argentino Jorge Sampaoli, de 54 anos, está no comando da seleção chilena desde 2012 e foi ele quem colocou a equipe nos eixos. Até a nona rodada das Eliminatórias da América do Sul, o Chile não estava sequer na zona da repescagem, com direito a derrotas para a Argentina (4 x 1), o Uruguai (4 x 0), a Colômbia (3 x 1) e o Equador (3 x 1).
Campeão chileno e da Sul-Americana em 2011 com o time da Universidad de Chile, Sampaoli assumiu a seleção e, logo, arrumou a casa: uma arrancada com cinco vitórias e um empate levaram o país ao terceiro lugar das Eliminatórias.
Um dos principais técnicos sul-americanos da atualidade, Sampaoli é fã confesso de El Loco Marcelo Bielsa e não abre mão do futebol ofensivo. Além disso, é um treinador estudioso, ávido por tecnologias que o ajudem a dissecar oponentes.
Sistema de jogoO DNA da seleção chilena é ofensivo, mas a equipe não está presa a um único sistema de jogo. São várias as vias para chegar ao gol adversário, apoiadas em trunfos como organização, pressão na saída de bola e agressividade.
A formação tática de La Roja varia com os oponentes, com as circunstâncias da partida e com os jogadores à disposição. Contra Espanha e Holanda, por exemplo, o Chile usou três zagueiros. Na vitória por 3 x 1 sobre a Austrália, eram apenas dois os beques. A estrutura preferida é o 3-3-1-3, que pode variar para 3-4-1-2 sem a bola e até para 4-3-1-2 com a presença de Valdivia em campo. O palmeirense pode atuar, inclusive, como “falso 9”, como fez contra a Austrália.
Sanchez e Vargas abertos pelas pontas, volantes que aliam marcação forte a chegadas ao ataque e laterais que buscam a todo o momento as triangulações são a base do jogo chileno. Eles preferem o toque de bola e infiltrações a cruzamentos, pois não há um centroavante grandalhão na área. Sem a bola, os alas recuam, formando uma linha de cinco defensores enquanto atacantes e meias pressionam a saída adversária.
Com a bola, Vidal e Aránguiz avançam centralizados, procurando alas e atacantes sempre abertos pelos flancos. Qualidade no passe e velocidade são outras características da equipe.Chile não faz fronteira com o Brasil, mas La Roja joga em casa. Milhares de chilenos invadiram nosso país para apoiar a seleção deles. Em Cuiabá, no Rio de Janeiro e em São Paulo, eles eram maioria no estádio. A lista de cantos que impulsionam a equipe é grande. No Mineirão, não será surpresa se os chilenos sobressaírem.
Duelo latinoPegar os chilenos será um duro teste para uma Seleção Brasileira que, até agora, enfrentou adversários sem tantas características ofensivas. Brasil e Chile apresentam laterais que se lançam ao ataque. Por isso, Daniel Alves e Marcelo precisarão de cuidados a mais para não darem espaços às suas costas, capazes de serem aproveitados por Isla e Mena.
A habilidosa dupla de ataque chilena também promete dar trabalho a Thiago Silva e David Luiz, sobretudo porque Sanchez e Vargas obrigam os defensores a saírem da área. No meio-campo, Arturo Vidal precisa ser acompanhado a todo o momento por Luiz Gustavo.
Neutralizadas as forças chilenas, o caminho da vitória está nos contra-ataques em velocidade e nas jogadas aéreas. Um embate interessante deve ser entre Aránguiz e Paulinho no meio-campo. Os dois são volantes modernos, que vão ao ataque com qualidade. A fase do chileno, no entanto, é melhor. Tanto que ele já tem um gol na Copa. De olho nisso, Felipão tem Fernandinho como alternativa ao ex-corintiano.
Pontos FracosSe a força do Chile está no ataque, a maior fraqueza é a defesa. Mesmo apostando em um esquema com três zagueiros, as opções de Sampaoli para o setor defensivo são limitadas.
Os dois zagueiros de origem, Jara e Gary Medel, atuam em clubes menores no futebol britânico. Como a dupla de beques não inspira tanta confiança, o treinador costuma recuar o volante Silva como terceiro zagueiro. Ainda assim, a defesa chilena vacila. Nas Eliminatórias, foram 25 gols sofridos em 16 jogos. Na Copa do Mundo, o desempenho tem sido melhor: as redes de Bravo foram vazadas três vezes em três partidas.
Dois dos principais problemas chilenos estão na lentidão dos beques e na bola aérea defensiva — nenhum dos três zagueiros chega a 1,80m de altura. O Chile ainda abusa das faltas próximas à sua grande área, o que possibilita faltas perigosas em favor dos adversários. A vocação ofensiva também cobra seu preço, podendo ceder contra-ataques com o time desguarnecido.
Diario de Pernambuco
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