SPORT - PENSANDO NO CANECO

"Podemos pensar no título, sim", diz Baptista em entrevista ao Superesportes

Comandante pede novos reforços para a diretoria do Leão

Técnico rubro-negro diz que o Leão disputará Sul-Americana e terá o título como meta

Educadamente, Eduardo Baptista atendeu ligações de todo o Brasil ontem. De várias emissoras de televisão, canais fechados e abertos. Jornais e rádios. A busca país afora era para saber um pouco mais sobre o treinador que já levantou duas taças em 2014. Que ganhou 100% das competições que disputou na carreira. Que transformou o Sport e fez do clube, em menos de três meses, campeão estadual e do Nordeste – após um jejum de três anos sem títulos. Um dia após bater o Náutico e conquistar o PE2014, Baptista dividiu o dia entre atender à imprensa e comemorar a façanha – à noite participou de um jantar comemorativo dado pela diretoria do Leão em um restaurante da cidade.
Em meio a tudo isso, ainda encontrou tempo para receber a reportagem do Superesportes no fim da tarde de ontem, no prédio onde mora, em Boa Viagem. Repetiu por duas vezes na entrevista a frase “pés no chão”. Fez uso para falar da Série A, cujo objetivo não é de apenas jogá-la brigando na parte de baixo da tabela.
Com justificativas plausíveis, disse que o Leão disputará a Copa Sul-Americana e terá o título como meta. Para tanto, quer novos reforços. Com um discurso sincero, aproveitou para fazer uma afirmação tranquilizadora à torcida rubro-negra: “O que pode me tirar do Sport é o Sport”, garantiu na primeira frase dita na entrevista. Certamente um alívio visto que, a cada dia, o Brasil entende que Eduardo não é simplesmente o filho de Nelsinho Baptista.
Tanta exposição na mídia nacional e os títulos recentes já renderam algum convite para deixar o Sport?
O que pode me tirar do Sport é o Sport. Sou bem realista. Vieram os títulos, o que dá certa estabilidade, mas vamos entrar em um Brasileiro, que tem nível um pouco maior. Então, um deslize, um desequilíbrio pode causar a minha saída. O futebol brasileiro infelizmente é assim. Mas, meu objetivo, no que depender de mim, é fazer um bom Brasileiro, se reestruturar ao fim da temporada e começar o ano seguinte bem. Até lá, nada me tira daqui.
A que se deve tanta convicção em ficar na Ilha?
Me dou bem aqui. Está sendo, de certa forma, um aprendizado. Tenho pessoas de confiança e estou respaldado por todo o mundo. Faço um trabalho tranquilo porque sei que tenho uma retaguarda de confiança. Não trocaria isso por um valor maior em outro lugar e olhe nem ganho tanto no Sport assim.
Que ponto é fundamental para que tudo esteja dando certo no Sport?
Todos abraçaram a causa. O ponto fundamental é definirmos com os atletas o esquema. Acho que aí foi o caminho: fechamos o esquema e fomos fieis. Não ficamos trocando. Se mexer, pelo que eu entendo, não consegue estabilidade. Hoje temos um time titular. Temos aí oito titulares que há muito tempo não tínhamos.
Você visa sonhos mais altos na carreira?
Tenho os pés no chão. Hoje vivo um momento bom, mas não posso me empolgar muito. Mesmo quando era preparador físico, você já busca uma grandeza maior. Um São Paulo, um Corinthians. Mas estou feliz no Sport. Hoje, se viesse o São Paulo, mesmo eu sabendo que não vai vir, eles não me tirariam daqui por tudo o que me cerca no Sport.
Voltando para o Sport, a torcida pode esperar mais títulos ainda em 2014?
Tenho os pés no chão. Falar em título no Brasileiro é muito difícil. Vamos brigar com times estruturados há três, quatro anos. Equipes com um poderio financeiro enorme. Seria um sonho distante. Mas não digo ser sonho distante estar entre os oito. Encaixando, duas, três contratações. O Atlético-PR é um exemplo. Brigou pela liderança no ano passado até a reta final. Primeiro temos que montar um time forte, sermos competitivos para ficar entre os dez. Não queremos disputar rebaixamento. Vou bater o pé para isso não acontecer. E se as oportunidades aparecerem, vamos para frente
E sobre a Sul-Americana?
Aí já vejo o Sport bem qualificado. Posso visualizar título. Provou ser “copeiro”, nos mata-matas fez 2 a 0 em todos os jogos na Ilha do Retiro, matando em casa o adversário. E Sul-Americana é isso, tem que ser “copeiro”. Além disso, esses clubes são outro nível, não vão estar todos os times da Série A. Os times sul-americanos são do nível do Sport. Não vejo uma grande equipe. Acho que para essa competição podemos trabalhar no título, sim.
Para isso, quantas novas contratações chegarão?
Não são quantas. Agora temos que ver a qualidade. Faltam mais duas, três peças pontuais. Não adianta mais buscar seis contratações, não vai adiantar. Já temos uma relação. Temos um lateral direito apenas, o Patric. Precisamos de um meia mais agudo, mais forte de penetração, um meia-atacante mesmo. Além disso, quero mais um atacante que jogue pelos lados. Essas peças não são apostas, tem que vir para jogar, com cancha de Série A, como veio Wendel, Mancha, Durval. É esse o tipo de jogador que estamos procurando.

Diario de Pernambuco