Carta de Martorelli levanta suspeita de conspiração no PE2014
Texto publicado nesta manhã no site oficial cogita existência de um favorecimento da FPF ao Náutico e ameaça 'disputar clássicos subsequentes com máscara de palhaço'
A carta é cheia de ressalvas. A primeira delas é quanto ao envolvimento do Náutico na suposta Teoria da Conspiração. O presidente faz questão de frisar que, “mesmo para os que vivem essa teoria”, o expediente não teria o “concurso da diretoria do clube dos Aflitos.” A segunda ressalva está presente em várias partes do texto e contraria o próprio objeto da carta. O presidente torna pública a suspeita, mas diz não acreditar nela. Atribui a suspeita, a “boa parte da torcida rubro-negra (diversos dirigente incluídos)”. Martorelli cita cinco argumentos que o fazem não acreditar na teoria.
Após isso, no entanto, o dirigente faz um “pedido” e uma ameaça, deixando claro que a revolta ainda é fruto dos erros de arbitragem no último Clássico dos Clássicos, quando dois pênaltis deixaram de ser marcados para o Sport. O pedido é pela escalação, nos próximos clássicos, de árbitros de fora de Pernambuco. “Se isso não acontecer e qualquer episódio semelhante ao do último clássico sobrevier, confirmando-se a teoria que ora refuto, restará sempre ao Sport, acaso prejudicado novamente, agir duramente nas esferas da justiça. Ou, quem sabe, para lembrar o carnaval que agora já passou, disputar os clássicos subsequentes com máscaras de palhaço, confete e serpentinas enduradas no uniforme."
Leia a carta na íntegra
A conspiração
Seria, digamos assim, uma coisa da própria FPF, que se consideraria guardiã do futebol pernambucano e estaria procurando equilibrar as forças locais
João Humberto Martorelli
Seria, digamos assim, uma coisa da própria FPF, que se consideraria guardiã do futebol pernambucano e estaria procurando equilibrar as forças locais
João Humberto Martorelli
A teoria da conspiração ronda o atual campeonato pernambucano de futebol. Boa parte da torcida rubro-negra (diversos dirigentes incluídos) acredita que, estando o Sport na Série A do Campeonato Brasileiro, o Santa Cruz vindo de três campeonatos estaduais e agora com acesso garantido à Série B, a classe dirigente (leia-se Federação Pernambucana de Futebol) teria concebido o soerguimento do Náutico, a quem se favoreceria para ser o campeão do certame atual, isso - deixo logo registrado -, mesmo para os que vivem essa teoria, sem o concurso da diretoria do clube dos Aflitos.
Seria, digamos assim, uma coisa da própria FPF, que se consideraria guardiã do futebol pernambucano e estaria procurando equilibrar as forças locais. A exigência da torcida é a retirada do Sport do campeonato ou a escalação do time sub-20, não faltando sugestões jocosas, como, por exemplo, a de se acionar o time de futebol feminino. Creio, porém, que, do mesmo modo que chamei o bom senso para disputar o último clássico, cabe-me, como dirigente, apelar para a serenidade e, moderando a paixão, sustentar os argumentos em contrário à teoria. E são muitos.
A um, o caminho do dinheiro: o campeonato tem patrocinadores que seguramente estão prestando atenção ao seu desempenho e lisura, naturalmente cobrando explicações à FPF, pois seriam grandes prejudicados com o descrédito do certame. A dois, a regência da lei, o Estatuto do Torcedor, que garante seriedade à competição, cabendo ao Ministério Público a fiscalização do direito dos torcedores, e os dirigentes da FPF, homens da lei e inteligentes, não iriam querer o MP entrando porta adentro da Federação para tomar satisfações e esquadrinhar o que por lá se passe.
A três, o Clube Náutico Capibaribe, por sua tradição, não se prestaria a beneficiário de tamanha iniquidade. A quatro, ao Sport Club do Recife sobram time, raça, técnica e competência para vencer o campeonato contra qualquer artifício de bastidores, estando muito bem habilitado para ganhar em campo os dois certames que ora disputa, o estadual e a Copa do Nordeste. A cinco, a Federação demonstrou evidente compromisso com os rumos corretos da competição ao adotar prontas providências contra o árbitro que errou clamorosamente contra o Sport no último clássico, de modo que, por isso, tenho plena convicção de que, nos próximos clássicos, para afastar de vez todas as suspeitas, tomará, no mínimo, a iniciativa de escalar juízes de fora do Estado de Pernambuco.
Se isso não acontecer e qualquer episódio semelhante ao do último clássico sobrevier, confirmando-se a teoria que ora refuto, restará sempre ao Sport, acaso prejudicado novamente, agir duramente nas esferas da justiça. Ou, quem sabe, para lembrar o carnaval que agora já passou, disputar os clássicos subsequentes com máscaras de palhaço, confete e serpentinas enduradas no uniforme.
Diario de Pernambuco
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