Não foi desta vez: Nigéria assusta, mas Espanha vence e pega a Itália
Africanos perdem muitos gols no Castelão e pagam preço caro por isso. Placar é exagerado, e torcida avisa que hora da Fúria vai chegar
A Espanha vai perder. Pode não ser na semifinal da Copa das Confederações, contra a Itália, tampouco em uma eventual decisão (contra o Brasil, tomara), mas uma hora a Espanha vai perder. Neste domingo, no Castelão, em Fortaleza, a Nigéria não conseguiu quebrar a sequência de invencibilidade em competições oficiais que os campeões do mundo costuram desde a Copa do Mundo de 2010. Mas fez algo quase tão importante quanto: mostrou que o ótimo time da Fúria não é imbatível. O placar de 3 a 0 é uma mentira descarada. Os africanos mereciam mais.
Alba, duas vezes, e Fernando Torres fizeram os gols da Espanha, que sofreu com o calor superior a 30 graus na capital cearense. A Nigéria colecionou chances. E desperdiçou uma depois da outra. Fez o público presente no estádio, novamente simpático ao adversário espanhol, cogitar arrancar os cabelos. Mas pelo menos expôs algumas fragilidades da Fúria. Não por acaso, a torcida brasileira cantou mais de uma vez:
- Ô, Espanha, pode esperar, a tua hora vai chegar.
Foi a terceira vitória da Roja em três jogos. Os bicampeões europeus avançam às semifinais com a primeira colocação do Grupo B, seguidos pelo Uruguai. A Nigéria está eliminada. A Fúria seguirá em Fortaleza para, na quinta-feira, enfrentar a Itália. Um dia antes, o Brasil enfrenta o Uruguai. É daí que sairão os dois finalistas. E então, quem sabe, chegará a hora de a Espanha perder, como avisou a torcida cearense.
A ousadia da Nigéria: jogar futebol contra a Espanha
Nem o Uruguai, muito menos o Taiti, claro. Quem melhor encarou a Espanha nesta Copa das Confederações foi a Nigéria. Antes do jogo deste domingo, os africanos avisaram que não teriam medo dos campeões do mundo. Em campo, assinaram embaixo da promessa. Foram firmes, agressivos, ousados. Surreal: fizeram a Fúria dar chutões, errar passes, se atrapalhar.
O pecado para os africanos foi levar um gol quando o jogo ainda era um recém-nascido. Aos três minutos, a Espanha deixou o sistema ofensivo nigeriano zonzo. A troca de passes foi instantânea, de pé em pé, quase sempre de primeira. A bola caiu com Iniesta, que logo acionou o lateral-esquerdo Jordi Alba. Aí valeu o individualismo: ele entrou a dribles na área e desviou do goleiro. Enquanto o placar mostrava que o jogo ficava 1 a 0 para a Fúria, pairava no ar aquela sensação de que poderia pintar nova goleada.
Coisa nenhuma! Lá foi a Nigéria mostrar que a Espanha, ora bolas, também pode ter a segurança de seu campo de defesa questionada. Teve uma, duas, três, quatro chances. E errou uma, duas, três, quatro vezes. Poderia ter empatado com Mikel, seu motor de arranque, mas ele bateu por cima. Ou com Mba, que mandou colocado, no cantinho, e fez Valdés se espichar para despachar a escanteio. Ou em cabeceio de Akpala, em nova defesa de Valdés. Ou na furada que Ideye deu na pequena área, acossado por Piqué.
Nada. Mas reparemos que não foi uma ou outra chance. Foram pelo menos quatro. E vivas. A Nigéria alcançou 45% de posse no primeiro tempo, contra 55% da Espanha. Chutou sete vezes, contra nove do rival. Ousou enfrentar os campeões do mundo. Ousou jogar bola.
Mas cabe a ressalva. A Espanha também poderia ter ampliado. Soldado teve duas chances claras, mas foi vencido pelo goleiro Enyeama em ambas. E o atacante, muita vezes deslocado para a ponta direita, também deu o cruzamento que resultou em chute na trave de Fàbregas.
Espanha melhora
O segundo tempo começou com o mesmo desenho de seu período antecedente. Com cinco minutos, Ideye voltou a perder uma chance clara. O técnico Vicente del Bosque percebeu que o perigo não cessara. Resolveu agir. Colocou David Silva na vaga de Fàbregas e depois Fernando Torres no lugar de Soldado.
Deu certo. O time melhorou. Xavi teve duas chances, uma em cobrança de falta, outra em chute defendido pelo goleiro. E logo em seguida a Espanha alcançou o segundo gol. Pedro, na esquerda, mandou na área, e Fernando Torres apareceu bem para marcar seu quinto gol na Copa das Confederações.
Mesmo com o crescimento espanhol, a Nigéria não deixou de ao menos tentar fazer seu golzinho. Mas seguiu falhando feio. Gambo Muhammad teve a melhor oportunidade. Bateu mal, torto, para fora.
A Espanha ainda teve David Villa em campo, no lugar de Pedro. E fez o terceiro gol. Alba, de novo, apareceu livre. Frente a frente com o goleiro, conseguiu fintar o adversário e fechar a conta. Uma conta um tanto exagerada, com os juros cobrados sobre uma equipe que perdeu tantos, tantos, tantos gols.
GLOBOESPORTE.COM
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